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Politica Brasil
Sexta - 22 de Fevereiro de 2008 às 15:57

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O ex-conselheiro Júlio Campos já dá como “favas contadas” a sua indicação como candidato a prefeito de Várzea Grande pelos Democratas. A pesquisa contratada pelo partido destinada a apurar a preferência dos eleitores da cidade como prévia na disputa contra o deputado estadual Wallace Guimarães poderá se tornar um instrumento de pouca utilidade para a finalidade precípua. Tamanha é a desenvoltura que ele enxerga o deputado Maksuês Leite, do PP, como seu adversário nas urnas em outubro. E já faz planos: acredita que será a disputa do velho contra o novo - um tem 60 e outro 33. Como em 82, quando disputou a eleição contra padre Raimundo Pombo, do MDB. Júlio era do PDS.

Do alto de sua experiência, Júlio ainda guarda uma ponta muito aguda daquela eleição. Foi controvertida e polêmica, com denúncias de fraude eleitoral pipocando por todos os lados. O PDS, seu partido, era Governo. Pombo representava os anseios da oposição. No folclore popular se diz que até hoje é possível encontrar em rotas aéreas pela floresta urnas com votos atribuído ao clérigo e que teriam sido supostamente trocas por votos ao então pedessista. Longe desse assunto, Júlio diz que pretende reverter o que aconteceu em 1982. “Naquela eu venci e agora vou vencer de novo” – disse.

Apesar da idade, Júlio parece querer incorporar o “espírito” daquele jovem implacável. Conforme o jornalista Arlindo Teixeira, “Júlio Campos foi eleito governador de Mato Grosso em 1982 por espírito de luta e desafio. Desbancou os senadores do PDS – Canellas e Vuolo – e teve coragem de enfrentar o padre Raimundo Pombo, no auge com o MDB.

Júlio teve um insólito encontro com o deputado Leite, no salão de luxo do Palácio Paiaguás, durante a posse do economista Eder Moraes como secretário de Fazenda, na última quinta-feira. Com um indefectível sorriso maroto que lhe é peculiar, Júlio faz propaganda e tenta intimidar o jovem político: “Só mesmo Éder para me fazer colocar um terno e vir aqui”. Segundo ele, na quinta-feira pela manhã, invariavelmente, assim como faz todos os dias, a agenda é única: sair andando até seis quilômetros pela cidade cumprimentando e conversando com eleitores. Julio pratica aquela velha máxima poética que diz que o bom político é aquele que vai onde o povo está.

Mais velho do clã, Júlio mostra otimismo e tenta passar a imagem de quem tem muito fôlego. Nesse encontro, Maksuês tentou provocá-lo: “O senhor deveria pensar em Senado. É mais tranquilo”. Raciocínio rápido, Júlio deu o troco: “Quero arrumar Várzea Grande primeiro. Depois vamos ver o que acontece”. A meta está fixa. E completou: “Se eu quizesse tranqüilidade eu ficaria onde estava, no Tribunal de Contas”. No seu discurso característico, diz que a Cidade Industrial – que deixou há muito de receber indústrias e grandes empreendimentos, segundo ele próprio – não pode se dar ao luxo de fazer experiências. A cidade, na verdade, segundo ele, precisa de alguém que conheça os caminhos para resgatar o seu potencial sócio-econômico. No caso, ele próprio.

Esta semana, numa entrevista a uma emissora de rádio de Cuiabá, Júlio condenou duramente o pula-pula político. Discurso que assumiu, evidentemente, no contato direto com os eleitores. Júlio tem procurado mostrar aos seus admiradores e simpatizantes que não pode entender tais candidatos que se elegem hoje para um cargo e o abandonam no meio do caminho. Procurou abater com isso tanto Wallace Guimarães, internamente, quanto ao próprio Maksuês: os dois se elegeram em 2006 para ser deputado estadual.

O parlamentar progressita, contudo, tenta não se abalar com os alardeios de Júlio Campos. “Os tempos mudaram. Júlio foi um grande político, mas no tempo em que a Olivetti estava lançando a máquina de escrever” – disse. Para ele, Júlio está distante da modernidade política.

Fora as retóricas, Maksuês ainda conta com umtrunfo: a dissidência de Wallace Guimarães. A rigor, dentro do próprio DEM ninguém acredita que o deputado, que estruturou os últimos anos de sua carreira política para ser prefeito da cidade, vai aceitar impassível a “derrota” interna. Tampouco que irá apoiar Júlio no embate. Com a ajuda do inimigo, Leite tentará de alguma forma aplacar a fome de poder de Júlio.





Fonte: 24 Horas News

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