'Não dá para calar diante da insensibilidade do governo', diz Riva
“Havíamos programado um seminário para debatermos alternativas de desenvolvimento para esta localidade antes mesmo de o presidente Lula expedir decreto (6.321 de fevereiro de 2008) impondo condições radicais aos dezenove municípios que abrangem o bioma amazônico, mas não dá para calar diante da insensibilidade do governo”, explicou Riva.
Entre as 'imposições' do governo Lula, os financiamentos para a produção das safras e comercialização das commodities agrícolas, nem pensar. Novas licenças para desmatamento idem nestes municípios intitulados campeões de desmatamento. Quem transportar, comprar, revender ou exportar produtos de propriedades embargadas pelo INCRA por desmatamento ilegal responderá processo por co-responsabilidade, perda do Cadastro de Imóveis Rural (CCIR), todos os proprietários rurais ficam obrigados a se recadastrar e apresentar um mapa georeferenciado ao INCRA, entre outras.
Mais de três mil pessoas presentes ao evento ouviram do líder progressista a frase “Falta no Brasil grandes líderes, infelizmente”, dispara Riva, que requereu uma audiência pública a se realizar na Assembléia Legislativa, dia 21 próximo (quinta-feira) com todos os municípios prejudicados pelo decreto governamental. Riva convidou todos os representantes do segmento produtivo, industrial e comercial, além dos poderes municipais e população.
Do seminário "O Nortão Reage", uma Carta de Intenções foi elaborada com itens pontuando os clamores e as reivindicações dos municípios que compreendem o Consórcio Portal da Amazônia e os prejudicados pelo Decreto 6.321/08. Marcha à Brasília e uma série de movimentos está sendo programado para mitigar o que chamam de descaso e falta de compromisso com a população da região. O título de 'Municípios campões em desmatamento', foco do decreto, provocou assimpatia dos gestores municipais, lideranças políticas e empresariais à ministra Marina Silva (PT/AC) e ao presidente Luis Inácio da Silva (PT/SP) que não demoveu, segundo eles, o falso levantamento divulgado pelo INPE.
SOBRE OS NÚMEROS DIVULGADOS
Em 24 de janeiro deste ano, o Sistema Deter registra aumento de desmatamento na Amazônia inclinando uma tendência de aumento do desmatamento. Entre agosto e dezembro de 2007, houve um desmatamento de 3.235 quilômetros quadrados na Amazônia.
O mais preocupante, segundo o grupo de trabalho do ministério do Meio Ambiente, é o registro de áreas desmatadas nos meses de novembro e dezembro, o que é considerado atípico. Do total registrado, 1.922 quilômetros quadrados dos cortes foram nestes dois meses. O estado do Mato Grosso, sozinho, concentrou 53,5% dos cortes (ou 1.786 km2) no período, seguido do Pará (591 km2 ou 17,8%) e Rondônia (533 km2 ou 16%).
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esses números apontam para duas hipóteses: uma antecipação do desmatamento em função da estiagem prolongada (os cortes ocorrem normalmente a partir de maio), ou a confirmação da tendência de aumento do desmatamento. "Mas o governo não quer pagar para ver. Vamos fazer frente ao processo, tomar a dianteira e mostrar que é possível a governança mesmo em anos atípicos", afirmou a ministra.
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