Mesmo sob críticas, Sérgio monopoliza o poder
Com a estratégia da "política de boa vizinhança", evitando o máximo o conflito, e num cenário político marcado por carência de novas lideranças, o presidente da Assembléia, deputado Sérgio Ricardo (PR), vem demarcando terreno. Conseguiu monopolizar e atrair para si várias expectativas de poder, mesmo com seu estilo populista e taxado por alguns de demagogo. Sérgio quer ser tudo. Só falta abraçar o mundo.
Hoje ele preside a Assembléia, está cotado para ser o próximo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, já "costurou" nos bastidores para se tornar o primeiro-secretário da nova Mesa Diretora da AL, o segundo cargo mais importante, pois é responsável pela ordenação de despesas e pelo controle de um duodécimo mensal hoje de R$ 13 milhões. Ainda comanda em Cuiabá o PR, maior legenda do Estado e que tem o governador Blairo Maggi como filiado, apresenta programas de rádio e TV, possui imóveis, produtora e outras empresas.
O poder de barganha de Sérgio, porém, está com os dias contados. Em reunião da Executiva Regional do PR, há menos de 15 dias, Maggi foi pressionado a interferir no processo eleitoral em Cuiabá. Resolveu, então, dar espécie de ultimato para o pré-candidato do partido. Exigiu que Sérgio se decida sobre qual será sua principal prioridade. Se for pela candidatura, o governador promete abraçá-la, por mais que a turma da botina não acredite nessa possibilidade.
Nesse caso, Sérgio arriscaria de novo uma disputa ao Palácio Alencastro, mas perderia espaço no Palácio Dante de Oliveira. O candidato à primeira-secretaria seria Mauro Savi (PR), líder do governo na Assembléia. Para pressionar Sérgio, o Palácio Paiaguás começa a mandar recado no sentido de reforçar a hipótese de apoio ao nome de Savi. O ex-vereador por Cuiabá e deputado de segundo mandato começa a ficar acuado.
No fundo, Sérgio não deve ser candidato a prefeito. O PR tende a lançar o empresário Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias. Em compensação, Sérgio caminha para ser o próximo primeiro-secretário da AL e, depois, chegar à cadeira vitalícia de conselheiro do TCE. Está tudo combinado. Faz parte dos acertos políticos.
Ao povo, excluído dessas decisões, só resta assistir a tudo como torcedor numa partida de futebol. Numa disputa eleitoral, por exemplo, o espetáculo fica com eles, quando deveria ser o contrário. Ao eleitor sobre o simples "direito" de votar numa lista de candidatos imposta pelas cúpulas. E viva a democracia!
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