Cremesp: 47% dos médicos não são especialistas

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou nesta terça-feira um levantamento inédito que indica que entre os 92.580 médicos registrados no conselho, 47% não possui título de especialista. Segundo o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, isto se deve ao baixo número de vagas para a realização da residência médica - forma mais comum de especialização.

O estudo contou com três fontes - o cadastro do Cremesp, informações das sociedades de especializações médicas de São Paulo e os dados da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

"Os critérios para abrir uma residência médica são mais rigorosos do que para uma faculdade de medicina", afirmou Gonçalves. Segundo o presidente, há cursos de preparação para a prova de admissão na residência médica.

A especialidade com maior número de registros é a de ginecologia e obstetrícia, com 15,6% dos profissionais. Cirurgia da mão resgitra o menor número de registros, com 22 médicos.

Em São Paulo, o número de vagas - 3 mil a cada ano - não comporta o total de formandos em medicina porque 33% das vagas existentes no Estado são destinadas a formandos que migraram de outros Estados. Ainda assim, há um déficit nacional de 40% no número de vagas necessárias para absorver todo o contingente de médicos recém-formados.

O presidente do Cremesp sugere duas soluções para o problema. A criação de novas vagas e a maior restrição à abertura de novas faculdades para reprimir a demanda por residência.

"Gostaria que fechasse 50% das 173 faculdades de medicina do Brasil. Metade delas não têm condição nem de dar formação generalista aos médicos", disse o presidente do Cremesp.

Gonçalves afirma que as faculdades falham ao não reprovar e ao preparar de maneira falha os estudantes de Medicina. Ele aponta o baixo nível das provas e o alto nível de reprovação nos testes para admissão em residência médica como evidência disso.