Ministra da Igualdade Social pode estar com os dias contados
Matilde foi sabatinada pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Franklin Martins (Comunicação Social) e Jorge Hage (CGU). No diagnóstico do governo, ela cometeu "grave irregularidade" porque, além de tudo, contrariou a Lei de Licitações ao fazer compras num free shop.
O secretário-especial da Pesca, Altemir Gregolin, também foi chamado a dar explicações logo depois que Matilde deixou o Planalto. A situação dele, no entanto, é considerada aceitável pelo governo, já que seus gastos com cartão corporativo (R$ 21,6 mil em 58 roteiros de viagens realizadas em 2007) envolveram agendas de trabalho e técnicos da CGU não encontraram irregularidades.
O caso de Matilde, porém, é mais complicado. Seu inferno astral começou quando o Estado revelou que no ano passado ela gastou R$ 171,5 mil em viagens, todas pagas com cartão corporativo. Na prática, as despesas equivaleram a R$ 14,3 mil mensais, mais do que o seu salário, que é de R$ 10,7 mil. Para piorar a situação, Matilde também pagou com o cartão uma conta de R$ 461 em um free shop. Depois que a ilegalidade veio à tona, a ministra alegou que a despesa havia sido contabilizada por engano e devolveu o dinheiro aos cofres públicos. Não adiantou.
A conversa de ontem com Matilde foi tensa. Ela disse que não agiu por má-fé, mas ouviu dos ministros que, mesmo assim, cometeu uma ilegalidade e terá de responder por isso. Seus colegas afirmaram ainda que Lula ficou muito contrariado com o que ocorreu. A expectativa do governo é que Matilde peça demissão nos próximos dias. Seu processo de fritura não só já começou como está em fase adiantada.
Lula está particularmente aborrecido porque lutou muito pela criação da Secretaria de Igualdade Racial, uma antiga reivindicação do movimento negro, e foi criticado pela decisão de criar mais uma pasta. Para o presidente, a atitude de Matilde dá agora argumentos aos seus adversários, para quem a secretaria não tem função. A Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência, encaminhou o caso para investigação da CGU por considerar que há claros "indícios de crime" no uso do cartão.
Comentários