Senadores fazem na eleição de 2008 campanha por 2010
Senadores que pretendem se reeleger em 2010 vão aproveitar a eleição municipal para iniciar suas pré-campanhas. Cinqüenta e quatro cadeiras do Senado estarão em jogo daqui a dois anos, mas o trabalho para ficar na Casa (que alguns chamam de "céu" por conta de suas mordomias) começa agora.
Apesar de pertencer à comissão representativa que comanda o Congresso Nacional durante o recesso, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) tem viajado freqüentemente pelo interior do Rio Grande do Norte. Até nos feriados de Natal e Réveillon, ele esteve em cidades consideradas estratégicas para campanha eleitoral. "É muita gente que pede. Agora, que virei presidente, tenho mais um motivo viajar", disse.
Garibaldi, que acabou de assumir a presidência do Senado em 2007, não será candidato a nada este ano, mas quer ficar perto do eleitorado. "Meu desejo agora é permanecer mais oito anos no Senado. Eu gosto daqui", afirma.
Em dezembro, Garibaldi reuniu-se em Brasília com a atual governadora, Wilma Faria (PSB), e a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN). A chapa dos sonhos de Garibaldi é Rosalba como candidata ao governo, com ele e Wilma fazendo dobradinha na disputa pelas duas vagas do Senado. Se o plano der certo, faltará lugar para José Agripino Maia (DEM-RN), dono de uma das cadeiras.
Senador e prefeito
Segundo o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), as eleições para prefeito e para senador guardam uma grande semelhança pois ambas são majoritárias --quem obtém mais votos é eleito. "A escolha do eleitor é mais direta: para conseguir se eleger, um candidato ao Senado tem de conquistar votos em todos os municípios", afirma Monteiro.
Por isso, diz o cientista político, as eleições municipais servem de prévia para quem almeja disputar o Senado ou o governo estadual. "Os deputados conseguem se eleger só com votos de uma determinada região", afirma.
Migração
Senador por São Paulo por dois mandatos, que vão somar 16 anos, Romeu Tuma quer disputar mais um em 2010. Sem espaço no DEM, ele migrou para o PTB, onde conta com a ajuda do deputado estadual Campos Machado, presidente estadual petebista, para retomar o contato com o eleitorado: "Já combinei com o Campos. Vou viajar muito pelo interior em 2008". Na capital, Tuma aposta suas fichas no filho, Robson, que será candidato a vereador.
Há também quem cogite disputar a eleição municipal, como a senadora Patrícia Saboya (CE), que trocou o PSB pelo PDT só para concorrer à Prefeitura de Fortaleza. Em 2000, ela já havia concorrido ao cargo pelo PPS, mas não teve êxito.
Outros preferem manter distância da eleição. Com mandato até 2015, Álvaro Dias (PSDB-PR) afirma que não irá se envolver para não criar problemas. "Tenho de ter cautela. No Paraná, o PSDB não tem tantos candidatos. Quero evitar um desgaste desnecessário", afirma Dias, que deve ser candidato à sucessão do governador Roberto Requião (PMDB).
Sondado para concorrer em Goiânia, Demóstenes Torres (DEM) disse: "Não quero não. Prefiro ficar aqui no Senado".
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