Antártida perdeu mais gelo nos últimos 10 anos, diz estudo
A Antártida perdeu dezenas de bilhões de toneladas de gelo na última década, o que contribuiu com a elevação dos mares no mundo, disseram pesquisadores climáticos na segunda-feira.
O gelo derreteu especialmente no oeste da Antártida (132 bilhões de toneladas perdidas em 2006, contra 83 bilhões em 1996) e na península Antártica, que se prolonga em direção à América do Sul (60 bilhões de toneladas perdidas em 2006), segundo artigo de Eric Rignot e colegas na revista Geoscience.
O grupo usou imagens de satélite para monitorar o litoral da Antártida.
Em nota, outro pesquisador, Jonathan Bamber, lembrou que 4 bilhões de toneladas de gelo bastariam para fornecer água potável aos mais de 60 milhões de britânicos durante um ano.
O gelo foi perdido das geleiras que cobrem grande parte do continente, o que significa que contribuiu diretamente com a elevação do nível dos mares --o que não acontece tanto quando é o gelo do próprio mar que derrete.
Em entrevista por email, Rignot, do Laboratório de Propulsão a Jato dos EUA, disse que em 2006 a Antártida contribuiu em 0,5 milímetro para a elevação dos mares. Em 1996, havia contribuído com apenas 0,1 milímetro.
Rignot lembrou que o Painel Intergovernamental da ONU para a Mudança Climática (IPCC) havia previsto que a Antártida não contribuiria com o aumento dos mares e que na verdade a camada de gelo marítimo no seu litoral acabaria subindo, devido à maior precipitação pluviométrica --o que não aconteceu até agora, disse o pesquisador.
"Em algumas regiões, a capa de gelo está perto de fontes quentes de água. As partes da Antártida em que estamos vendo a mudança agora são as mais próximas dessas fontes de calor", afirmou.
Essas conclusões estão de acordo com o que está acontecendo na capa de gelo da Groenlândia, que teve um derretimento recorde no ano passado, e com estudos do gelo do Ártico, que em 2007 encolheu para a menor área já registrada.
Estudo divulgado na semana passada pela Universidade do Colorado em Boulder concluiu que o gelo mais velho e espesso do Ártico, que deveria durar de um ano para outro, está dando lugar a um gelo marítimo mais novo e fino, mais suscetível ao degelo.
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