Fórum em Rondonópolis expõe placa com agradecimento a Arcanjo
Na entrada do anexo 2 do Fórum de Rondonópolis (220 km de Cuiabá), uma placa brilhante de metal registra a gratidão do Poder Judiciário de Mato Grosso às empresas e personalidades que contribuíram, em espécie ou com doação de materiais, para a construção do prédio. Um dos 90 homenageados é o João Arcanjo Ribeiro, conhecido como Comendador Arcanjo, que hoje cumpre pena no presídio federal de Campo Grande por crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, formação de quadrilha, além de responder a processo por envolvimento em pelo menos sete homicídios.
A placa foi inaugurada junto com o prédio, em 20 de fevereiro de 2001, e continua até hoje a recepcionar os visitantes. "O que se faz em um dia é semente de felicidade para o dia seguinte", diz uma das inscrições.
Arcanjo já naquele momento era investigado pelo Ministério Público como o chefe do crime em Mato Grosso. As bancas de jogo do bicho de sua empresa, Colibri, estavam presente em Cuiabá e Rondonópolis.
Em dezembro de 2002, seu patrimônio, estimado em R$ 1,2 bilhão, foi desmantelado pela Polícia Federal na Operação Arca de Noé. O Comendador --título decorrente de uma comenda a ele outorgada pela Câmara Municipal de Cuiabá-- fugiu para o Uruguai, onde acabou preso e depois extraditado.
Procurado pela Folha, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso respondeu, por meio de assessoria, que a placa do Fórum de Rondonópolis não representa constrangimento algum aos magistrados e que, por isso, nunca se cogitou retirá-la. Segundo a assessoria, à época não pesava contra Arcanjo nenhuma acusação concreta e ele foi de fato um dos colaboradores para a construção.
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