MP investiga prefeito acusado de comprar o PSB

Surge na Justiça o primeiro caso de venda de partido em Mato Grosso. A ex-presidente da comissão provisória do PSB de Juara (a 690 km da Capital), líder comunitária Jolinete Terezinha Siqueira da Conceição denunciou ao Ministério Público o prefeito Oscar Martins Bezerra. Ela o acusa de comprar o então dirigente regional da legenda socialista Carlos Antonio Magalhães, o Caco, em troca de apoio do partido e respaldo para poder disputar as eleições de 2004. Na denúncia, Jolinete assegura que Oscar pagou R$ 50 mil ao ex-presidente do PSB. Explica que, em princípio, Caco pediu R$ 100 mil. Depois de uma negociação, Oscar conseguiu fechar o valor em R$ 50 mil. Segundo ela, esse montante foi pago com três cheques, sendo um de R$ 20 mil e dois de R$ 15 mil.

A líder comunitária e então candidata à vereadora, que foi derrotada, lembra que antes da ida de Caco a Juara, em junho de 2004, quando foi firmado o acordo, Oscar havia prometido que ajudaria os candidatos a vereador que dessem um voto de confiança a ele (Oscar Bezerra) durante a campanha. "Ele (Oscar) garantiu que daria mil litros de combustíveis, santinhos e camisetas para ajudar os vereadores dos partidos coligados ao PSB", cita Jolinete, na representação protocolada junto à Promotoria da Comarca de Juara, em setembro de 2006. Ela explica que Oscar é empresário e seu pai é proprietário de uma rede de postos de combustíveis, o que facilitaria a "contribuição".

A denunciante recorda que depois que Oscar havia pago Caco, se esqueceu das promessas feitas aos vereadores, e os ignorou. Por isso, Jolinete resolveu pedir socorro à executiva regional do PSB. "Quando em campanha liguei para o presidente (Caco) comentando a respeito do não-cumprimento do que foi prometido aos partidos, ele (Caco) nem me deu atenção, porque já tinha recebido o seu valor".

Destaca que, sua maior revolta em relação ao prefeito está no fato de Oscar ter registrado um boletim de ocorrência na polícia contra ela (Jolinete) ao alegar que sofrera difamação. "O prefeito demonstra o desejo de me processar criminalmente por calúnia e difamação pelo fato de ser autoridade pública, mas, se esqueceu que com o nome de pessoa digna, humilde, pobre, porém, trabalhadora e honesta, não se brinca", enfatiza a reclamante.

Jolinete afirma ainda que Oscar disse ao ex-presidente da comissão provisória estadual do PSB, Teodoro Lopes, o Dóia, que, "não tinha compromisso com o partido, muito menos comigo e com meu esposo". "Também afirmou que não deve nada aos partidos coligados (PT, PSC, PAN, PDT e PT do B) porque ele (Oscar) comprou sua candidatura".