Maggi é assediado por Serra e Aécio; Pagot deve ser ministro
Os governadores de Minas e São Paulo, que vão disputar a indicação do PSDB, estão, em verdade, de olho no acesso de Maggi aos empresários, especialmente do segmento agropecuário. Somando à indústria, Maggi seria uma espécie de representante de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Conta ainda com o cacife de governar um Estado cheio de problemas e adversidade: de um lado, a explosão econômica, bancada pela produção agrícola lastreada nas exportações; e,de outro, o patrulhamento ambiental; no meio, um estado de pouca infra-estrutura viária. Maggi vai se dando bem, até aqui.
“Tanto Serra como Aécio sabem que precisam de alguém com alguma expressão política e que tenha grande influência no segmento industrial e produtivo” – avaliou a fonte palaciana. Em outras palavras, a fórmula usada por Lula para suas duas eleições funcionou. O presidente “importou” o mais empresário que político José Alencar para a vice. Alencar é um dos maiores empresários do estado de Minas, onde construiu um império no ramo têxtil. A ação de Maggi no segundo turno da eleição presidencial, a qual é atribuída a “virada” do presidente Lula, exatamente sobre José Serra o credenciaria para ser o “Alencar” de 2010.
Uma demonstração da proximidade de Maggi com os tucanos seria dado há duas semanas, não fosse a greve dos agentes policiais. O governador de Mato Grosso receberia em Cuiabá o colega de São Paulo, Serra, para assinatura de um protocolo para substituição tributária de ICMS em operações com diversos produtos. O encontro deve acontecer por essas horas.
Contudo, há problemas. Primeiro, com o próprio PT. Mesmo que alguns segmentos apontem que a eleição de Serra ou mesmo de Aécio Neves teria as “benções” do presidente, interessado em “entrincheirar-se” novamente na oposição para fugir do desgaste natural de Governo, a fatura do apoio será apresentada na hora da definição. Especialmente se confirmar a saída do ministro Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes – vaga que ficaria com o economista Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT). Nascimento sairia do Ministério para ser candidato a prefeito de Manaus (AM).
Outro problema é mais paroquial. Porém, com reflexos consideráveis. É o PSDB. Mesmo com o partido maleável a uma aproximação com o governador Maggi nas eleições municipais do ano que vem, dentro da sigla há um opositor de peso ao governador: trata-se do ex-senador Antero de Barros, que goza de grande prestígio na sigla mesmo sem contar com mandato e estar distante da administração partidária.
Certeza mesmo, no entanto, é a candidatura de Maggi ao Senado Federal em 2010. Hoje no Governo e na base governista não há um sequer que acredite que o governador vá simplesmente deixar tudo que conquistou politicamente para retornar à direção do Grupo AMaggi. Até porque nessas quase cinco anos a empresa andou sem maiores problemas com a ausência do “chefe”. Fundamentalmente, Maggi já se tornou político – diferente do que ele pregava a quatro, cinco anos atrás quando aceitou o desafio de enfrentar o então Governo Dante de Oliveira numa disputa eleitoral que parecia suicídio.
Outra certeza é a candidatura ao Governo, com o apoio do PR, do democrata Jaime Campos. Senador da República, a eleição de Maggi significaria quatro anos de mandato para o suplente Luís Antônio Pagot, chefe do DNIT e possível futuro ministro dos Transportes. Na chapa ao Senado, outro democrata, Jonas Pinheiro ou ainda o progressista José Riva, que vem manifestando o desejo de disputar uma das vagas.
"O partido que está no Governo precisa ter a paciência e a inteligência de acomodar os interesses aliados e dos companheiros da base. Assim sendo o PR terá que abrir mão de muitas candidaturas em muitos lugares porque ainda teremos mais de dois anos depois das eleições municipais e não podemos abrir enfrentamentos agora" – recomendou a fonte, ao ilustrar o pensamento que vem reinando nas articulações do Governo. Um recado que chega bem próximo de se realizar. Maggi deixa claro o que todos mais ou menos já sabem: que a eleição em Cuiabá passa por Carlos Abcalil, deputado federal e atual presidente do PT. Simplificando: o PR não terá candidatura própria na capital.
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