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Politica Brasil
Terça - 18 de Dezembro de 2007 às 19:38

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O clima esquentou durante o depoimento do deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) à Justiça Federal, em Brasília, nesta terça-feira (18). Acusado de envolvimento no mensalão, ele nega participação no esquema. O deputado responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro.

Na denúncia do Ministério Público, ele é acusado de receber R$ 920 mil. Desses, R$ 300 mil teriam sido repassados para o PSB do Pará. Outros R$ 600 mil teriam sido sacados pela então assessora do parlamentar, Anita Leocádia, em agências do Banco Rural de Brasília e São Paulo, e também recebidos do empresário Marcos Valério – apontado como principal operador do mensalão - em um quarto de hotel.

No depoimento, o parlamentar sustentou que o dinheiro seria repassado da direção nacional do PT para o diretório do Pará para pagar dívidas de campanha. Disse que os repasses seriam feitos pela direção nacional do partido, por "uma pessoa indicada por Delúbio [Soares, então tesoureiro do PT]" – Marcos Valério. Ele também disse que "tinha confiança" em Anita Leocádia. E que sabia que "ela ia cumprir o pagamento com os credores do Pará".

Bate-boca

No interrogatório, Paulo Rocha conseguiu tirar do sério a juíza Maria de Fátima Costa, da 10ª Vara Federal Criminal, e até mesmo o procurador da República José Alfredo de Paula Silva, que também estava presente.

O procurador da República perguntou ao deputado se não estranhava o fato de o empresário Marcos Valério – apontado como principal operador do esquema – repassar dinheiro da direção nacional do PT para o diretório do Pará. Os dois bateram boca. E a juíza perdeu a paciência.

"É você quem está dizendo isso", afirmou Paulo Rocha.

"O senhor não me aponte o dedo como se aqui fosse a Câmara dos Deputados", reagiu o procurador.

"Ordem! Quem manda aqui sou eu. O senhor fique quieto, responda às perguntas e eu registro", gritou a juíza. "E o senhor, não interfira", acrescentou, dirigindo-se ao advogado João dos Santos Gomes Filho.

Desde o início do depoimento, a magistrada demonstrou irritação com o comportamento do réu. Pediu para que ele desligasse o telefone celular durante a audiência e para que fosse mais objetivo em suas respostas. Ela também já tinha reclamado da interferência do advogado.

O defensor de Paulo Rocha acabou pedindo desculpas à juíza. Do lado de fora da sala, depois, o procurador minimizou o incidente. “Faz parte da audiência. Ele [Paulo Rocha] obviamente não está acostumado”.

"O deputado nunca aceitou essa denúncia contra ele", disse o advogado.

Caixa dois

Apesar do conturbado interrogatório, o deputado disse que encara com tranqüilidade o processo que enfrenta. “Estou tranqüilo, com a cabeça erguida, não tenho nenhuma culpa, não recebi nenhum dinheiro”, disse.

Em entrevista, ele admitiu que o PT fez uso de caixa-dois, apesar de negar que ele próprio tenha feito o mesmo. "O PT reconheceu que nós erramos ao fazer captação de recursos fora da época de campanha", afirmou. “[O PT] já reconheceu [uso de caixa-dois] bem antes”, complementou.

O deputado e seu advogado ficaram bastante irritados com o assédio da imprensa. Paulo Rocha chegou a dizer que "já tinha sido condenado pela mídia".




Fonte: G1

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