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Meio Ambiente
Sábado - 15 de Dezembro de 2007 às 09:01
Por: Eric Brücher

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Enviado especial a Bali (Indonésia) - Com um dia de atraso, terminou pouco antes das 18h30m (8h30m, emBrasília) deste sábado a reunião sobre mudança climática das Nações Unidas (ONU), depois de os Estados Unidos cederem à pressão internacional e aceitarem o acordo em Bali.

A decisão foi descrita pelo anfitrião do encontro, o ministro do Meio Ambiente da Indonésia, Rachmat Witoelar, como "um verdadeiro avanço, uma oportunidade para a comunidade internacional combater o aquecimento global" e como "grande vitória dos países em desenvolvimento", pelo chefe da delegação brasileira, embaixador Everton Vargas.

Duas das mais influentes organizações ambientalistas internacionais, entretanto, as redes Greenpeace e WWF, criticaram as concessões feitas para se chegar ao consenso.

"Falta ambição ao trato", resumiu o WWF, enquanto o Greenpeace diz que o texto "foi subtraído das metas de redução de emissões que a ciência e a humanidade exigem."

Para conseguir a adesão da delegação americana, os negociadores decidiram retirar uma menção direta às metas de cortes de redução de emissões nos países ricos 25% a 40% até 2020.

As recomendações do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) aparecem em uma nota de rodapé do documento.

Em nota à imprensa, a ONG americana Centro Pew para Mudança Climática Global elogiou a inclusão dos Estados Unidos no acordo, ainda que ele "tenha deixado questões importantes em aberto".

"O importante é que ninguém ficou de fora. O documento desafia todos os governos a confrontar as duras questões adiante e abre caminho pela primeira vez para uma negociação sobre compromissos pós-2012."

Antes da conclusão do histórico acordo que deve nortear as discussões sobre o combate ao aquecimento global, a plenária testemunhou raras cenas de emoção, como o choro do secretário-executivo da reunião, Yvo de Boer, vaias e aplausos de pé.

Depois de varar a madrugada em tensas negociações, representantes da União Européia (UE) anunciaram por volta de 2h (16h, em Brasília) ter redigido um texto que poderia seria apreciado pela plenária.

Às 8h (22h, de Brasília), os representantes de quase 190 países voltaram a se reunir para discutir os últimos retoques ao texto.

Uma objeção de chineses e indianos - baseada na percepção de que havia uma discrepância entre os fortes compromissos exigidos dos países em desenvolvimento e uma linguagem menos específica sobre as obrigações dos países industrializados - levou a um longo intervalo na plenária.

O clima pesado ficou evidente depois do intervalo, quando o secretário-executivo do encontro de Bali, Yvo de Boer, teve dificuldades para responder uma nova intervenção da China, que reclamou de supostas "irregularidades" na condução da plenária.

"O secretário...", começou De Boer, interrompendo a frase em seguida e cobrindo os olhos com a mão.

O secretário interrompeu a frase três vezes até que conseguisse concluí-la.

"Ao retomar a plenária hoje de manhã, o secretário não sabia da existência de negociações paralelas", disse De Boer, antes de se levantar e abandonar a sala chorando.

A chefe da delegação americana, Paula Dobriansky, chegou a dizer que "não podia concordar" com as objeções da Índia e da China e foi vaiada por boa parte da audiência.

Em seguida, a declaração foi duramente criticada por representantes de diversos outros países. Quando os americanos voltaram a pedir a palavra, ninguém esperava a mudança de rumo.

"Vamos seguir em frente e nos juntar ao consenso", disse Dobriansky, arrancando aplausos da plenária e levando a comemorações.

A reunião da ONU sobre mudança climática começou no dia 3 de dezembro e deveria ter aprovado na sexta-feira um texto que deve nortear as discussões sobre o substituto do Protocolo de Kyoto.





Fonte: BBC Brasil

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