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Meio Ambiente
Quarta - 12 de Dezembro de 2007 às 21:38

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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez nesta quarta-feira, em Bali, um duro discurso em que acusou países ricos de "disseminar a pobreza" e "distorcer os mercados" com a produção de etanol subsidiado.

Ao encerrar sua participação na conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Bali, na Indonésia, ele também disparou contra o que chamou de "postura protecionista" dos países industrializados em relação aos biocombustíveis.

"Ao mesmo tempo (em que impõem barreiras), gastam bilhões de euros e dólares subsidiando produtores ineficientes. Tais medidas distorcem os mercados, aumentam os preços da energia, disseminam a pobreza, ameaçam a segurança alimentar e são totalmente inconsistentes com as preocupações com a mudança do clima", declarou o ministro.

Diante de mais de 130 ministros de Estado, Amorim disparou algumas vezes contra a postura dos países desenvolvidos, em especial dos Estados Unidos, nas negociações sobre um acordo que venha a substituir o Protocolo de Kyoto, a partir de 2012. Ele destacou o papel dos americanos, que até hoje não ratificaram o acordo.

O chanceler brasileiro disse achar extremamente preocupante que alguns países ricos não estejam a caminho de cumprir as metas de redução de emissão de gases do efeito estufa fixadas no Protocolo.

"Aqueles historicamente responsáveis pelas concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera devem parar de fazer pregações e dar o exemplo", disse Amorim, que na parte da manhã organizou um café da manhã com nove chefes de delegações, incluindo três ministros.

Acusações

Segundo observadores, nos últimos dias, as delegações de Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália atravancaram as discussões sobre a inclusão de referências a futuros cortes de emissões entre 25% e 40% até 2020, como recomendou o Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).

Para o representante da Organização Não-Governamental Climate Action Network (Rede de Ação Climática), Richard Worthington, a dificuldade em avançar nas negociações ameaça a própria Convenção sobre Mudança Climática, instituída na conferência Rio 92.

"Os Estados Unidos estão tentando nada menos do que desmantelar a própria estrutura da convenção", disse.

De forma menos direta, Amorim também falou sobre uma ameaça à convenção. Nas palavras do ministro, "desfazer a delicada estrutura da convenção e do protocolo (de Kyoto) abriria uma caixa de pandora com conseqüências imprevisíveis."

Sem falar em metas, o ministro deixou clara a disposição do governo brasileiro em adotar programas de redução de emissões que possam ser mensurados, verificados e que estejam abertos "a uma revisão universal periódica".

"Convidamos outras nações em desenvolvimento, em condição de fazê-lo, a seguir o mesmo caminho", disse o chanceler.

Entre os ataques, Celso Amorim recheou o discurso de elogios aos programas brasileiros de desmatamento e de biocombustíveis.

"No Brasil, a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar reduz as emissões de gases de efeito estufa e é socialmente sustentável. É também eficaz do ponto de vista energético e econômico", disse.

Celso Amorim embarca de volta ao Brasil na quinta-feira, mas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fica em Bali até o fim do encontro, na sexta-feira.





Fonte: BBC Brasil

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