Cientistas fazem apelo por ação contra aquecimento
De acordo com o documento, batizado de "Declaração de Bali sobre o Clima por Cientistas", são necessárias medidas imediatas, a partir da reunião que termina no dia 14 de dezembro, para evitar que "milhões de pessoas fiquem sob risco de ondas de calor, secas, enchentes e tormentas, com cidades e litorais ameaçados pela elevação do nível do oceano e muitos ecossistemas, espécies de animais e plantas sob sério perigo de extinção".
"Para os negociadores do clima cumprirem o seu trabalho, eles precisam se dar conta do que a ciência do clima lhes diz: a mudança climática é real e urgente e requer forte ação agora. Não há tempo para procrastinar", disse em Bali o professor Richard Sommerville, um dos mais respeitados meteorologistas do mundo.
Ao lado de Sommerville, alguns dos cientistas mais reconhecidos em pesquisas sobre mudança climática assinam a dura mensagem, endereçada diretamente aos mais de 190 países que participam do encontro da ONU na Indonésia.
"O mundo pode ter apenas 10 anos para começar a inverter a atual tendência de crescimento das emissões", afirma o documento divulgado nesta quinta-feira.
Objetivo claro
O objetivo dos mais de 200 cientistas que assinaram o manifesto é forçar os negociadores a chegar a um acordo que vise a evitar o aumento de 2 graus na temperatura global, como indicam as evidências científicas ratificadas pelo próprio IPCC.
"Entre 1970 e 2004 houve um aumento de 80% na concentração de CO2. As soluções já existem, mas não há varinha de condão. É preciso agir agora", disse o cientista australiano Matthew England, um dos idealizadores do documento.
O manifesto repercutiu positivamente entre outros integrantes da comunidade científica e ganhou aplausos de outra associação, a União dos Cientistas Preocupados (UCS, na sigla em inglês).
"Tanto os países em desenvolvimento quanto os industrializados precisam fazer cortes robustos, e os Estados Unidos precisam cortar emissões pelo menos 80% abaixo dos níveis de 2000 até o ano 2050", afirmou o coordenador do programa de Mudança Climática da UCS, Peter Frumhoff, que assinou um estudo que identifica a necessidade destes cortes nas emissões americanas para que a média de aquecimento global não ultrapasse os dois graus.
Desde segunda-feira, negociadores de governos de todo o mundo estão reunidos em Bali para tentar fechar um plano de ação para que nos próximos dois anos seja possível apresentar aos líderes mundiais um projeto de acordo que substitua o Protocolo de Kyoto, que vigora atualmente.
O acordo assinado em 1997 prevê o corte de 5,2% das emissões dos gases do efeito estufa em relação aos níveis registrados em 1990 e vence em 2012.
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