Estudo aponta alargamento de zona tropical
Mudanças climáticas estão fazendo com que os trópicos se ampliem, com possíveis conseqüências para o estoque mundial de alimentos, sugeriram pesquisadores americanos.
Os cientistas examinaram cinco pontos diferentes da largura da zona tropical e descobriram que ela aumentou entre 2 e 4,8 graus de latitude desde 1979.
Outros pesquisadores, por sua vez, disseram que as mudanças climáticas podem levar ao aumento do número de tempestades nos Estados Unidos.
As descobertas surgem em um momento em que começou, em Bali, a conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, que se concentrará em novas metas na redução das emissões de gases do efeito estufa.
A capacidade dos países mais pobres - vários deles nos trópicos - de responder e se adaptar ao impacto de mudanças climáticas será um outro grande tema das conversações.
Zona mais ampla -- As cientistas americanos, da National Oceanic and Atmospheric Administration de Maryland, do National Centre for Atmospheric Research de Colorado e de universidades dos Estados de Washington e Utah, que fizeram a nova análise da expansão dos trópicos, usaram cinco tipos de dados recolhidos por satélite.
Os geógrafos definem a localização dos trópicos de maneira rigorosa, como a região entre o Trópico de Câncer, a 23,5 graus de latitude ao norte da Linha do Equador, e Trópico de Capricórnio, a 23,5 graus de latitude ao sul, mas para cientistas que analisam a atmosfera é uma zona de fronteiras mais variáveis marcada por características como precipitação, temperatura, direção dos ventos e camada de ozônio.
De acordo com estes dados, os trópicos sofreram uma expansão desde o início da observação por satélite, em 1979.
Em artigo na revista Nature Geoscience, os pesquisadores disseram que a mudança das fronteiras da zona tropical, que encostam nas zonas subtropicais secas, pode levar a mudanças fundamentais no ecossistema e nas concentrações humanas.
"Mudanças nos padrões de precipitação terão implicações óbvias para os recursos agrícolas e hídricos, e podem trazer escassez acentuada para nas áreas marginais."
O Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) advertiu em sua série de relatórios neste ano que há sério impacto no fornecimento de água e alimentos à frente: de 75 milhões a 250 milhões de pessoas na África podem sofrer falta de água até 2020, as colheitas podem aumentar em até 20% no leste e sul da região do Sudeste Asiático, mas diminuir em até 30% na Ásia Central e Sul.
A agricultura que depende das chuvas pode ser reduzida em 50% em alguns países africanos até 2020.
Os cientistas responsáveis pelo novo estudo destacam que a zona tropical parece estar se expandindo muito mais rápido do que o previsto por modelos de computador.
Tempestades -- Se nos países em desenvolvimento a preocupação com as mudanças climáticas se concentra no impacto sobre a agricultura, em países ricos como os Estados Unidos a maior preocupação para países pode ser o dano causado por condições climáticas extremas.
O IPCC prevê furacões mais fortes no futuro, mas possivelmente em menor número. Uma outra equipe americana sugere agora que haverá um aumento nas tempestades sobre o país.
Em Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os pesquisadores descrevem um estudo por modelos de computador que prevê que a freqüência da ocorrência de condições climáticas para a formação de tempestades fortes pode dobrar.
Extremos de clima estão custando à economia americana mais de US$ 2 bilhões por ano, dizem os pesquisadores.
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