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Sexta - 23 de Novembro de 2007 às 08:26

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Na avaliação da polícia, a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para películas de proteção solar para os carros, que entrou em vigor neste dia 21, permitindo que os vidros traseiros fiquem mais escuros, não representa mais segurança para os motoristas. A película pode diminuir a visão que os assaltantes podem ter do interior do carro mas, por outro lado, pode ter o efeito contrário.

"Se a pessoa tem a película muito escura, é difícil para quem não tem experiência notar o que ocorre no interior do automóvel", diz o comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de São Paulo, Major Ricardo de Barros, destacando que isto pode aumentar o perigo no caso de um seqüestro-relâmpago. “Embora as empresas de segurança recomendem o uso da proteção, para o motorista e a polícia isso não muda nada, já que o risco sempre existe”, relata.

Com a nova autorização, o nível permitido da película de proteção nos vidros traseiros dos veículos passou de 50% para 28% de luminosidade, ou seja, os vidros podem ser mais escuros. Para os outros vidros do carro não houve mudança: o pára-brisa deve ter 75% de luminosidade e os vidros laterais dianteiros podem ter 70%.

O Major da PM comenta que não basta ter o vidro escurecido e parar no semáforo sem estar atento no que acontece ao redor, ou andar com os vidros abertos e com o celular na mão, ou simplesmente deixar a bolsa na visão dos ladrões.

De acordo com a resolução, a Polícia Militar será responsável por fiscalizar os motoristas. Quem estiver fora do padrão determinado pode ser multado com infração grave, perderá cinco pontos na carteira e pagará R$ 127 de multa. A fiscalização da nova lei será feita com aparelhos que ainda não estão disponíveis em São Paulo.

Só 10% dos carros estão dentro da lei

No Brasil, dos 13 milhões de carros que têm a película protetora instalada, apenas 10% estão dentro da lei, segundo dados da associação Nacional das Empresas e Películas Protetoras (ANEPP).

“O problema é que a nova resolução não atende às necessidades da população, que está preocupada com a segurança e a saúde”, afirma o presidente da associação Nacional das Empresas e Películas Protetoras (ANEPP), Guilherme Ribeiro de Oliveira.

Para o diretor de marketing da Insulfilm, fabricante de filmes de alta performance para vidros automotivos, Francisco Fino, o nível de escurecimento solicitado na lei não oferece a proteção solicitada pelos motoristas. “As pessoas continuarão usando as películas mais escuras e não permitidas por lei, como as de 20% nos vidros dianteiros e 5% nos traseiros”, diz Fino. A empresa realiza em média 600 aplicações por mês. Os preços variam de R$ 200 a R$ 4.500 dependendo do tipo de filme. A empresa Insulfilm esclarece que o nome se refere à sua marca, e está dissociado ao produto “película de proteção solar”.

Já Manuel Corrêa, diretor-geral da Saint-Gobain Sekurit, empresa fabricante de vidros automotivos, a resolução não representa desvantagem ou prejuízos para os proprietários de veículos. "A nova lei permitirá a privacidade aos usuários e também contribuirá para o conforto no interior dos veículos e a preservação dos materiais de revestimento, pela redução dos níveis de energia térmica provocada pelo sol", afirma.

Assaltos com e sem película

Das pessoas que instalam os vidros escuros, 90% buscam segurança. “Eu instalei a proteção no meu carro para me esconder dos assaltantes. Por mim, quanto mais escuro, melhor. Inibe o ladrão, nunca mais fui assaltado parado no semáforo”, garante o publicitário Raphael Araújo de Souza.

O mesmo não pode dizer a paulistana Rosa Arrais. Apesar de ter vidros escurecidos, ela foi assaltada em uma rua da zona oeste de São Paulo. “Estava parada no semáforo, certa que, por ter o vidro escuro, teria segurança. Mas um ladrão apontou uma arma para mim, eu abri o vidro, e ele levou o meu celular”, relata.

Já o aposentado Dionísio Ferri, que tem dois carros sem a proteção, diz que a nova regra não mudará seu conceito sobre as películas. “Não acredito que isso possa me proteger dos ladrões", afirma. "O bandido vai me roubar de todas as maneiras e, do calor, me defendo com o ar-condicionado.”





Fonte: G1

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