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Politica Brasil
Quinta - 22 de Novembro de 2007 às 22:23

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Brasília, 22 nov (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu hoje o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, que renunciou para se defender de acusações de "corrupção" durante a campanha do atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para o Governo de Minas Gerais em 1998.

Mares Guia renunciou hoje após a Procuradoria-Geral da República pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um julgamento por suposta "corrupção eleitoral".

Em carta entregue a Lula, Mares Guia pediu para se afastar do cargo "temporariamente", embora "tecnicamente se trate de uma renúncia", explicou à Agência Efe um porta-voz do Ministério das Relações Institucionais.

Na carta, o ministro classificou as denúncias de "improcedentes" e "injustas" e afirmou que as recebeu com "profunda indignação".

Com sua saída, Lula perde um fiel colaborador, que atuou como ministro do Turismo no primeiro mandato. Mares Guia deixou esta pasta em janeiro para ocupar o Ministério das Relações Institucionais.

As acusações envolvem também o senador Eduardo Azeredo e outras 13 pessoas, entre elas o publicitário Marcos Valério Fernandes, ligado ao escândalo do mensalão mineiro.

Segundo a acusação, Mares Guia, Azeredo e Fernandes tomaram parte de uma rede que usava um esquema de caixa dois para a campanha do segundo para alcançar o governo de Minas Gerais em 98.

Fernandes, que já responde perante o Supremo Tribunal pelo escândalo do mensalão, é conhecido em círculos políticos de Brasília como um "articulador financeiro" que trabalhou de forma pouco clara em várias campanhas eleitorais.

Mares Guia, de 62 anos, era vice-governador de Minas Gerais em 1998. Ele negou as acusações e afirma que na época se preocupava com a candidatura a deputado e não tomou parte da campanha de Azeredo.

O senador do PSDB divulgou uma nota na qual garante que a acusação formulada hoje pela Procuradoria será "a melhor oportunidade" para provar sua inocência neste caso, que vêm sendo comentado há três anos.

Segundo Azeredo, Fernandes não teve nenhuma participação naquela campanha, mas sim o publicitário Duda Mendonça, que também responde ao Supremo pelos escândalos de 2005.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, lamentou a renúncia de Mares Guia num momento em que está sendo negociada com o Congresso a prorrogação da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF).

"A saída de Walfrido é uma perda para o Governo, pois ele tem um papel de articulação política fundamental, posição que desempenhou muito bem", declarou Mantega a jornalistas. No entanto, ele afirmou que o diálogo com o Congresso não será afetado.

O senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) disse a jornalistas que Lula decidiu que o lugar de Mares Guia será ocupado pelo deputado José Múcio (PTB-PE), até agora chefe da bancada governista.

Mares Guia é o segundo ministro que Lula perde por causa de acusações de corrupção nos 11 meses de seu atual mandato.

Em maio, o então titular de Minas e Energia, Silas Rondeau, renunciou ao cargo acusado de ter recebido comissões de uma empresa que participava de licitações de obras públicas contratadas pelo ministério.

Em 2005, durante o primeiro mandato de Lula, o escândalo do mensalão conseguiu tirar José Dirceu (PT-SP) do cargo de ministro-chefe da Casa Civil.

Dirceu era considerado na época o "braço direito" de Lula.

Em março de 2006, o então ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) renunciou ao cargo por outras irregularidades. Após a saída de Dirceu, Palocci tinha se transformado no "homem forte" do Governo Lula.




Fonte: EFE

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