Jacy é uma das raras negras no Poder em MT
Em meio ao debate neste 20 de novembro, Dia Nacional de Consciência Negra, uma triste constatação: a professora Jacy Proença é uma das raras negras mato-grossenses a chegar ao poder na vida pública. Ocupa hoje a cadeira de vice-preifeita da Capital. Ela representa um universo de negros e pardos, que chegam a 44% no país e a 56% no Estado. Na Prefeitura de Cuiabá há, além de Jacy, somente outros três negros compõem o staff do governo Wilson Santos: Carlos Carlão do Nascimento (Educação), Celcita Pinheiro (Assistência Social e Desenvolvimento Humano) e o secretário-adjunto de Esporte e Cidadania, Aurélio Augusto. Considerando o quadro de 14 secretários, a negritude ocupa espaço inferior a 1%.
Na Câmara Municipal, dos 19 vereadores, apenas dois (0,3%) se identificam como negros: Luiz Poção e Marcos Fabrício (ambos PP). “Eu não sou pardo, nem moreno, sou negro e com muito orgulho”, disse Poção. "Agora tem aqueles com características negras, mas que não se assumem. Outros discursam em defesa da igualdade racial, mas na prática é outra coisa. Por exemplo, na Assembléia Legislativa, não tem parlamentares e no máximo há uns dois assessores negros”, completa Poção.
Perguntado sobre o assunto, o presidente da Assembléia, deputado Sérgio Ricardo (PR), preferiu não incendiar a polêmica. Afirmou apenas que os 24 deputados não discriminam ou não têm preconceitos racial. Diz não saber quem ao certo é negro seja deputado, seja assessor. “Eu entendo que a Assembléia é unânime na defesa da igualdade e a gente não fica detalhando ou dividindo”, declarou o parlamentar.
Da bancada federal mato-grossense (8 deputados e 3 senadores), o democrata Jonas Pinheiro se considera o único negro. “Eu e minha esposa (ex-deputada Celcita Pinheiro) somos negros”, disse o senador. O mesmo ocorre no staff do governo Blairo Maggi (PR). O governo Blairo Maggi conta somente com um negro entre as 22 secretarias: o coronel PM Orestes Oliveira, secretário-chefe da Casa Militar.
São poucos os magistrados e membros do Ministério Público negros. Dos 30 desembargadores do Tribunal de Justiça, por exemplo, somente Díocles de Figueiredo e Omar Rodrigues de Almeida são negros.
Para a União Nacional dos Negros pela Igualdade e também e o Conselho Estadual do Negro, o negro não ocupa espaço no poder público por falta de competência, mas sim porque a democracia racial no país é uma balela.
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