Problemas ambientais são risco à espécie humana, diz ONU
Um relatório da ONU sobre o meio ambiente divulgado nesta quinta-feira afirma que a falta de providências contra alguns dos principais problemas ambientais que afetam o planeta estão colocando em risco a própria sobrevivência da espécie humana.
O relatório Panorama Ambiental Global, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), analisa as principais mudanças nas condições da água, do ar, da terra e da biodiversidade do planeta desde 1987 e identifica prioridades de ação.
Entre os problemas identificados estão a degradação de áreas agrícolas, o desmatamento, a redução das fontes de água potável disponíveis e a pesca excessiva.
"Problemas persistentes e difíceis de resolver continuam sem ser enfrentados, sem solução", disse o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner.
"Problemas do passado continuam e novos estão surgindo: do crescimento acelerado das áreas sem oxigênio nos oceanos ao surgimento de novas e velhas doenças, ligadas em parte à degradação ambiental."
O relatório está sendo publicado por ocasião dos 20 anos da publicação do chamado Relatório Brundtland da ONU, considerado importante por ter lançado a idéia de desenvolvimento sustentável como uma das principais defendidas pelas Nações Unidas no que diz respeito ao meio ambiente.
Segundo o documento, desde a divulgação do Relatório Brundtland, as condições do meio ambiente no mundo pioraram, pressionadas pelo crescimento populacional e pela falta de empenho das autoridades em resolver as questões.
"A quantidade de recursos necessária para mantê-la (a população mundial) supera o que está disponível", diz o relatório.
O documento alerta que, até 2025, o uso da água terá aumentado 50% em países em desenvolvimento, e que essa pressão pode se tornar intolerável em locais com escassez do recurso.
A pesca nos ritmos atuais também é insustentável, de acordo com o Pnuma. O relatório diz que atualmente se pesca 250 vezes mais do que seria possível para manter estoques pesqueiros sustentáveis no oceano.
"A agressão do meio ambiente global coloca em risco muitos dos avanços que a sociedade humana obteve em décadas recentes", diz o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em um prefácio do relatório.
"Está prejudicando nossa luta contra a pobreza. Pode até colocar em risco a paz e a segurança internacionais."
Aspectos positivos
O relatório, no entanto, não apresenta apenas conclusões negativas.
Ele destaca, por exemplo, que a taxa de desmatamento da Amazônia diminuiu, que a qualidade do ar melhorou na Europa Ocidental e que alguns acordos ambientais importantes foram fechados desde 1987, como o que criou o Protocolo de Kyoto.
Mas o documento apresenta muitos outros fatos negativos, que devem ser tratados como "um pedido urgente de reação", diz o documento.
"Houve mensagens de alerta demais desde Brundtland. Eu sinceramente espero que este relatório seja o último", disse Steiner.
"A destruição sistemática dos recursos naturais da Terra alcançou um ponto em que a viabilidade das economias está sendo ameaçada e em que a conta que vamos entregar aos nossos filhos pode ser impossível de pagar."
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