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Operação SOS Pirarucu abrange três municípios do Araguaia
São Félix do Araguaia, MT – A longa estiagem que se estende em todo o território brasileiro está mudando o hábito da fauna, em especial de aves, pequenos animais e peixes. Em Mato Grosso, a falta de chuvas mudou o ‘habitat’ de diversas espécies em todo o Estado - do Pantanal ao Araguaia - em especial do pirarucu, peixe da Bacia Amazônica e considerado o maior de água doce no mundo.
Nas lagoas próximas aos rios no Baixo Araguaia, com a ausência das chuvas o nível de água foi reduzido, prejudicando a reprodução do pirarucu, já que é justamente na época da seca que o peixe procura locais mais calmos para o início do período reprodutivo. Com as lâminas d’água muito baixas, o pirarucu tem se tornado alvo mais fácil dos predadores, além de não ter as condições necessárias para sobrevivência com o pouco oxigênio nas lagoas quase secas, berçários naturais da espécie.
Para tentar reverter esse processo, o Governo do Estado em parceria com Ibama, Marinha do Brasil, prefeituras e colônias de pescadores desencadeou nesta semana, em São Félix do Araguaia, Luciara e Novo Santo Antônio, a Operação SOS Pirarucu. Nos três municípios, na região do Baixo Araguaia, os peixes das lagoas e represas estão sendo resgatados e transportados para outras lagoas em que há maior volume de água e não há risco de secar.
Em Luciara, onde a situação é considerada mais crítica, a operação, coordenada pela Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos (Sepe), começou na semana passada. No município, o número de peixes atingidos é maior, uma vez que a espécie sofre ataques até dos urubus.
FONTE DE RENDA E ALIMENTAÇÃO
A importância da Operação SOS Pirarucu está refletida no impacto que a pesca da espécie reproduz sobre as comunidades ribeirinhas e colônias de pescadores.
Para o velho pescador acostumado a ver a fartura do “bacalhau brasileiro” nos afluentes e no belo Araguaia, a situação atual é de dar tristeza, com tantas lagoas secas pela região. Seu Manoel Ferreira de Souza sobrevive da pesca há mais de quarenta anos e aprova a idéia da operação. Desde a manhã da segunda-feira, ele já esperava para começar a participar do resgate dos peixes em uma lagoa já quase seca. O trabalho não é fácil, pois além da dificuldade da ação, há ainda outros perigos a enfrentar como os inúmeros jacarés e arraias.
“É uma boa idéia que vai ajudar nosso trabalho, pois a gente precisa tentar salvar agora para que outras gerações ainda possam conhecer esse peixe”, afirmou o velho pescador.
O prefeito de São Félix do Araguaia, João Abreu Luz, frisou que a ação quer levar também aos pescadores a conscientização da preservação da espécie. “O pirarucu tem uma grande importância para nossa região, é fonte de renda e alimentação. Por isso, queremos conscientizar e envolver toda a comunidade nessa ação”, reforçou.
Mosaniel Rodrigues Barros, que está atuando como voluntário na ação, tem hoje consciência do que a pesca predatória de décadas atrás causou em espécies como o pirarucu. Pescador do Araguaia há muitos anos, ele elogiou a iniciativa e foi um dos primeiros a colaborar com a operação. “Temos que procurar como dar melhoria ao que temos como meio de sobrevivência. Se os peixes acabam, do que é que a gente vai viver? Por isso estamos agora trabalhando para preservar o que ainda tem, pois a espécie está ameaçada aqui”, disse Mosaniel.
A colônia de pescadores de São Félix do Araguaia reúne 220 profissionais que tem na atividade o principal meio de sobrevivência.
MANEJO DA PISCICULTURA
O secretário adjunto de Projetos Estratégicos, Neurilan Fraga salientou a importância da ação, em especial para as centenas de famílias que sobrevivem da pesca. “Essa iniciativa partiu da necessidade dos próprios pescadores que são os mais atingidos, pois a espécie está em perigo e dela os ribeirinhos retiram parte de seu sustento. Dessa forma, unimos em torno da ação o Estado, prefeituras e pescadores para que esse trabalho seja a seqüência de outras ações que auxiliem no fomento à cadeia da piscicultura no Araguaia”, ressaltou Neurilan, que coordena o programa MT Regional, responsável pelos consórcios de desenvolvimento intermunicipais no Estado.
A operação SOS Pirarucu tem como parceiros do Estado o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), Empaer, Secretarias de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Rural.
Com o início dessa ação, o programa MT Regional pretende além de auxiliar na preservação de futuras matrizes, fortalecer a proposta da criação de peixes em lagos naturais no projeto de manejo sustentável, com o envolvimento da comunidade.
A operação deve durar entre dez e quinze dias, conforme assegurou o gerente regional da Sema em São Félix do Araguaia, Carlos Eduardo Lemos.
O supervisor de unidades regionais da Secretaria de Meio Ambiente, Sildemar Ziezkowski destacou a preocupação do órgão em auxiliar a ação que ocorre simultaneamente nos três municípios. “A Sema está auxiliando com técnicos e apoio operacional para que possamos conseguir resgatar o maior número possível de peixes e transportá-los para as outras lagoas de forma que não afetam seu equilíbrio”, afirmou Sildemar.
PEIXE VERMELHO
Nome que vem do termo indígena ‘pira’ – peixe, e ‘urucum’ – vermelho, devido à cor de sua cauda, o pirarucu (ou Arapaima gigas) é encontrado geralmente na Bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas com temperaturas que variam de 24° a 37°C, não sendo encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
Com características biológicas e ecológicas bem distintas, de grande porte, cabeça achatada e ossificada e corpo alongado e escamoso, o pirarucu pode crescer até três metros de comprimento e pesar cerca de 250 quilos.
As características biológicas o tornam, na época de reprodução, mais vulnerável aos predadores, pois como nada em águas rasas, ele sobe periodicamente à superfície para engolir ar. Dotado de dois aparelhos respiratórios, as brânquias para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada, especializada para funcionar como pulmão, no exercício da respiração aérea esse órgão especial é obrigatório principalmente durante a seca, ocasião em que os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e preparam seus ninhos.
Na época da seca, o pirarucu é capaz de atravessar grandes distâncias em terra firme procurando água. Nestas ocasiões só se utiliza do oxigênio do ar.
Apesar de ser uma espécie resistente, suas características ecológicas e biológicas o tornam bastante vulnerável à ação de pescadores. O cuidados com os ninhos, após a desova expõe os reprodutores à fácil captura com redes de pesca ou arpão. Durante o longo período de cuidados paternais, a necessidade fisiológica de emergir para respirar ocorre em intervalos menores, ocasião em que os peixes são pescados. O abate dos machos nestas circunstâncias e também a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes, conhecidos como "bodecos" onde seu peso varia entre 30 e 40 quilos, propicia a captura destes por predadores naturais como as piranhas, fazendo assim com que o sucesso reprodutivo da espécie seja diminuído.
O pirarucu é um "fóssil vivo "pois sua família existe sem modificações há mais de 100 milhões de anos. O famoso peixe vermelho tem aproveitamento de quase 100%. Do couro podem ser confeccionados bolsas e sapatos, das belas escamas são extraídas biojóias – colares, brincos e pulseiras, e a carne saborosa, com ausência de espinhas e de sabor leve é apreciada por todos que a consomem.
Nas lagoas próximas aos rios no Baixo Araguaia, com a ausência das chuvas o nível de água foi reduzido, prejudicando a reprodução do pirarucu, já que é justamente na época da seca que o peixe procura locais mais calmos para o início do período reprodutivo. Com as lâminas d’água muito baixas, o pirarucu tem se tornado alvo mais fácil dos predadores, além de não ter as condições necessárias para sobrevivência com o pouco oxigênio nas lagoas quase secas, berçários naturais da espécie.
Para tentar reverter esse processo, o Governo do Estado em parceria com Ibama, Marinha do Brasil, prefeituras e colônias de pescadores desencadeou nesta semana, em São Félix do Araguaia, Luciara e Novo Santo Antônio, a Operação SOS Pirarucu. Nos três municípios, na região do Baixo Araguaia, os peixes das lagoas e represas estão sendo resgatados e transportados para outras lagoas em que há maior volume de água e não há risco de secar.
Em Luciara, onde a situação é considerada mais crítica, a operação, coordenada pela Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos (Sepe), começou na semana passada. No município, o número de peixes atingidos é maior, uma vez que a espécie sofre ataques até dos urubus.
FONTE DE RENDA E ALIMENTAÇÃO
A importância da Operação SOS Pirarucu está refletida no impacto que a pesca da espécie reproduz sobre as comunidades ribeirinhas e colônias de pescadores.
Para o velho pescador acostumado a ver a fartura do “bacalhau brasileiro” nos afluentes e no belo Araguaia, a situação atual é de dar tristeza, com tantas lagoas secas pela região. Seu Manoel Ferreira de Souza sobrevive da pesca há mais de quarenta anos e aprova a idéia da operação. Desde a manhã da segunda-feira, ele já esperava para começar a participar do resgate dos peixes em uma lagoa já quase seca. O trabalho não é fácil, pois além da dificuldade da ação, há ainda outros perigos a enfrentar como os inúmeros jacarés e arraias.
“É uma boa idéia que vai ajudar nosso trabalho, pois a gente precisa tentar salvar agora para que outras gerações ainda possam conhecer esse peixe”, afirmou o velho pescador.
O prefeito de São Félix do Araguaia, João Abreu Luz, frisou que a ação quer levar também aos pescadores a conscientização da preservação da espécie. “O pirarucu tem uma grande importância para nossa região, é fonte de renda e alimentação. Por isso, queremos conscientizar e envolver toda a comunidade nessa ação”, reforçou.
Mosaniel Rodrigues Barros, que está atuando como voluntário na ação, tem hoje consciência do que a pesca predatória de décadas atrás causou em espécies como o pirarucu. Pescador do Araguaia há muitos anos, ele elogiou a iniciativa e foi um dos primeiros a colaborar com a operação. “Temos que procurar como dar melhoria ao que temos como meio de sobrevivência. Se os peixes acabam, do que é que a gente vai viver? Por isso estamos agora trabalhando para preservar o que ainda tem, pois a espécie está ameaçada aqui”, disse Mosaniel.
A colônia de pescadores de São Félix do Araguaia reúne 220 profissionais que tem na atividade o principal meio de sobrevivência.
MANEJO DA PISCICULTURA
O secretário adjunto de Projetos Estratégicos, Neurilan Fraga salientou a importância da ação, em especial para as centenas de famílias que sobrevivem da pesca. “Essa iniciativa partiu da necessidade dos próprios pescadores que são os mais atingidos, pois a espécie está em perigo e dela os ribeirinhos retiram parte de seu sustento. Dessa forma, unimos em torno da ação o Estado, prefeituras e pescadores para que esse trabalho seja a seqüência de outras ações que auxiliem no fomento à cadeia da piscicultura no Araguaia”, ressaltou Neurilan, que coordena o programa MT Regional, responsável pelos consórcios de desenvolvimento intermunicipais no Estado.
A operação SOS Pirarucu tem como parceiros do Estado o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), Empaer, Secretarias de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Rural.
Com o início dessa ação, o programa MT Regional pretende além de auxiliar na preservação de futuras matrizes, fortalecer a proposta da criação de peixes em lagos naturais no projeto de manejo sustentável, com o envolvimento da comunidade.
A operação deve durar entre dez e quinze dias, conforme assegurou o gerente regional da Sema em São Félix do Araguaia, Carlos Eduardo Lemos.
O supervisor de unidades regionais da Secretaria de Meio Ambiente, Sildemar Ziezkowski destacou a preocupação do órgão em auxiliar a ação que ocorre simultaneamente nos três municípios. “A Sema está auxiliando com técnicos e apoio operacional para que possamos conseguir resgatar o maior número possível de peixes e transportá-los para as outras lagoas de forma que não afetam seu equilíbrio”, afirmou Sildemar.
PEIXE VERMELHO
Nome que vem do termo indígena ‘pira’ – peixe, e ‘urucum’ – vermelho, devido à cor de sua cauda, o pirarucu (ou Arapaima gigas) é encontrado geralmente na Bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas com temperaturas que variam de 24° a 37°C, não sendo encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
Com características biológicas e ecológicas bem distintas, de grande porte, cabeça achatada e ossificada e corpo alongado e escamoso, o pirarucu pode crescer até três metros de comprimento e pesar cerca de 250 quilos.
As características biológicas o tornam, na época de reprodução, mais vulnerável aos predadores, pois como nada em águas rasas, ele sobe periodicamente à superfície para engolir ar. Dotado de dois aparelhos respiratórios, as brânquias para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada, especializada para funcionar como pulmão, no exercício da respiração aérea esse órgão especial é obrigatório principalmente durante a seca, ocasião em que os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e preparam seus ninhos.
Na época da seca, o pirarucu é capaz de atravessar grandes distâncias em terra firme procurando água. Nestas ocasiões só se utiliza do oxigênio do ar.
Apesar de ser uma espécie resistente, suas características ecológicas e biológicas o tornam bastante vulnerável à ação de pescadores. O cuidados com os ninhos, após a desova expõe os reprodutores à fácil captura com redes de pesca ou arpão. Durante o longo período de cuidados paternais, a necessidade fisiológica de emergir para respirar ocorre em intervalos menores, ocasião em que os peixes são pescados. O abate dos machos nestas circunstâncias e também a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes, conhecidos como "bodecos" onde seu peso varia entre 30 e 40 quilos, propicia a captura destes por predadores naturais como as piranhas, fazendo assim com que o sucesso reprodutivo da espécie seja diminuído.
O pirarucu é um "fóssil vivo "pois sua família existe sem modificações há mais de 100 milhões de anos. O famoso peixe vermelho tem aproveitamento de quase 100%. Do couro podem ser confeccionados bolsas e sapatos, das belas escamas são extraídas biojóias – colares, brincos e pulseiras, e a carne saborosa, com ausência de espinhas e de sabor leve é apreciada por todos que a consomem.
Fonte:
Secom-MT
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/202421/visualizar/
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