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Politica Brasil
Quinta - 11 de Outubro de 2007 às 18:27

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Após cerca de 24 horas de conversas com aliados na Residência Oficial da Presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta quinta-feira (11) que vai se licenciar da presidência do Senado por 45 dias. O anúncio foi feito através de um pronunciamento de Renan transmitido pela TV Senado.

“Na noite de hoje decidi me licenciar da presidência do Senado Federal pelo prazo de 45 dias, a fim de demonstrar de formal cabal e respeitosa a todos os ilustres senadores de que não precisaria do cargo de presidente do Senado Federal para me defender”, afirmou Renan.

“Agindo assim, afasto de uma vez por todas o mais injusto pretexto usado para tentar dar corpo às inconsistências das representações, enviadas sem qualquer indício ou prova ao Conselho de Ética do Senado Federal", disse. “Com este meu gesto, quero preservar a harmonia no Senado.”

Neste período, ele exerce normalmente o mandato parlamentar, mas não preside a Casa. O substituto natural é o primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC). Renan resolveu licenciar-se depois de uma longa conversa com o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e com o senador José Sarney (PMDB-AP), na noite desta quarta-feira (10).

Na conversa ambos disseram que a situação dele era insustentável e que a sua permanência no comando do Senado ameaçaria a já complicada tramitação da proposta de prorrogação da CPMF (imposto do cheque) até 2011, aprovada nesta semana em segundo turno pela Câmara.

"Renan não tinha muitas alternativas. Agora, de qualquer forma, ele terá que responder aos processos no Conselho de Ética", avalia o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

O senador Renan Calheiros deve agora seguir para Alagoas, onde vai passar o feriado de Nossa Senhora Aparecida.

Apelos no plenário

Na terça-feira (9), Renan saiu do plenário antes de terminar a sessão que presidia após quase duas horas de repetidos apelos para que se afastasse da presidência da Casa. Ele deixou o plenário enquanto o senador José Agripino (DEM-RN) repetia os mesmos apelos feitos pelos demais colegas: para que Renan saia da presidência porque a situação dele é insustentável.

“O que quero defender é a instituição à qual todos nós pertencemos, que é o Senado Federal. Essa, sim, é a nossa preocupação. É a preocupação que fez com que reuníssemos, agora há pouco, líderes de todos os partidos. A defesa, presidente, é da credibilidade da instituição para a qual vossa excelência, eu e todos nós fomos eleitos”, disse Agripino.

Acusações

A decisão de se afastar da presidência ocorreu dois dias após a apresentação de mais uma denúncia contra Renan, feita nesta terça. Ele é acusado de uma suposta espionagem contra os senadores de oposição, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). Esta última denúncia ainda vai ser analisada pela Mesa do Senado, para saber se vai ser encaminhada ao Conselho de Ética.

“O caso de Goiás foi à gota d’água. Isso mexe com as questões internas da Casa. Se ele se mantiver [na presidência] o Senado vai ficar insustentável”, avaliou minutos antes o senador Pedro Simon, que junto com o senador Jarbas Vasconcellos (PE) representou o PMDB numa reunião com os senadores de oposição.

Renan Calheiros já responde a três denúncias no Conselho de Ética. No primeiro processo, ele é acusado de tráfico de influência para que a cervejaria Schincariol tivesse o "perdão" de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS.

No segundo, impetrada pelo Democratas e pelo PSDB, Renan é acusado de ter utilizado laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. Em outra denúncia, de autoria do PSOL, o presidente do Senado é suspeito de ter participado de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios liderados por seu partido, o PMDB.

O presidente do Senado já foi absolvido de outra acusação, de que teria recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. Apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Ética o relatório que pedia a cassação de seu mandato, Renan foi absolvido pelo plenário do Senado.




Fonte: G1

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