Renan Calheiros adia retorno a AL e vai ao Senado
Há expectativa de que, no Senado, ele anuncie a licença da presidência da Casa. Depois, deverá embarcar para Alagoas, afirmou um interlocutor do PMDB. Na tarde desta quinta, Renan ainda avaliava o formato do pedido: o prazo e a forma do anúncio.
De acordo com um senador, que esteve com Renan nas últimas horas, o presidente do Senado não deu nenhuma resposta definitiva aos apelos para que se afaste da presidência, em troca de mais tranquilidade para defender o mandato dos três processos de cassação aos quais responde no Conselho de Ética.
"Acredito que ele não tem muitas opções. Falta saber como ele vai encaminhar a licença", afirmou o parlamentar.
O senador Wellinton Salgado (PMDB-MG), um dos principais aliados de Renan, acompanha do gabinete no Senado as articulações. No entanto, não quis dar pistas à imprensa sobre o futuro de Renan.
Apelos no plenário
Na terça-feira (9), Renan saiu do plenário antes de terminar a sessão que presidia após quase duas horas de repetidos apelos para que se afaste da presidência da Casa. Ele deixou o plenário enquanto o senador José Agripino (DEM-RN) repetia os mesmos apelos feitos pelos demais colegas: para que Renan saia da presidência porque a situação dele é insustentável.
“O que quero defender é a instituição à qual todos nós pertencemos, que é o Senado Federal. Essa, sim, é a nossa preocupação. É a preocupação que fez com que reuníssemos, agora há pouco, líderes de todos os partidos. A defesa, presidente, é da credibilidade da instituição para a qual vossa excelência, eu e todos nós fomos eleitos”, disse Agripino.
Acusações
No mesmo dia, foi apresentada mais uma denúncia contra Renan. Ele é acusado de uma suposta espionagem contra os senadores de oposição, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).
“O caso de Goiás foi a gota d’água. Isso mexe com as questões internas da Casa. Se ele se mantiver [na presidência], o Senado vai ficar insustentável”, avaliou minutos antes o senador Pedro Simon, que junto com o senador Jarbas Vasconcellos (PE) representou o PMDB numa reunião com os senadores de oposição.
Renan Calheiros já responde a três denúncias no Conselho de Ética. No primeiro processo, ele é acusado de tráfico de influência para que a cervejaria Schincariol tivesse o "perdão" de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS.
No segundo, aberto a pedido do Democratas e do PSDB, Renan é acusado de ter utilizado laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. Em outra denúncia, de autoria do PSOL, ele é suspeito de ter participado de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios liderados por seu partido, o PMDB.
O presidente do Senado já foi absolvido de outra acusação, de que teria recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, capa da revista "Playboy" deste mês. Apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Ética o relatório que pedia a cassação de seu mandato, Renan foi absolvido pelo plenário do Senado.
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