PSDB e DEM pedem hoje abertura de 5º processo contra Renan
Com o apoio de senadores governistas e da oposição, PSDB e DEM ingressam nesta terça-feira, na Mesa Diretora do Senado, com uma nova representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro parlamentar. O peemedebista já responde a outros quatro processos no Conselho de Ética da Casa.
Pelas novas denúncias, Renan estaria montando um dossiê para chantagear os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).
"As circunstâncias, do jeito que estão, não dá mais. Vamos pedir celeridade imediata e a indicação de relator. O Senado virou o centro de patifaria e canalhice, não dá mais", afirmou o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Tasso disse que Renan está isolado e possui somente o apoio de sua "tropa de choque" para se manter na presidência do Senado. O tucano afirmou que o argumento que será utilizado na representação contra Renan é o de abuso de prerrogativa de poder no Senado.
O presidente do Senado é acusado de usar seu assessor especial, Francisco Escórcio --que é ex-senador-- para espionar Demóstenes e Perillo. Demóstenes ficou sabendo do plano de espionagem por Pedrinho Abrão, empresário e ex-deputado por Goiás.
Nesta semana, Abrão se encontrou com Escórcio --que teria pedido a ajuda de Abrão para grampear os telefones dos senadores e fotografá-los embarcando de jatinhos de empresários da região. Abrão é dono de um hangar e de uma empresa de aviação em Goiânia.
Segundo reportagem da Folha, Renan também estaria reunindo elementos para chantagear o senador José Agripino Maia (DEM-RN) por meio de seu filho, o deputado Felipe Maia (DEM-RN).
Renan estaria vasculhando negócios do filho do senador ligados à empresa que presta serviços à BR Distribuidora, da Petrobras, no Rio Grande do Norte.
Defesa
Renan divulgou ontem nota oficial para rebater as acusações de que estaria montando um suposto dossiê para chantagear Demóstenes e Perillo. Na nota, ele nega as acusações ao afirmar que repudia "com veemência e indignação" a suposta ação de chantagem.
"Repudio, mais uma vez, com a veemência e indignação que a situação exige, as falsas acusações de que estaria usando servidores do Senado Federal para práticas inescrupulosas, imorais e ilegais. Isso não faz parte do meu caráter", diz.
O peemedebista afirma que, à medida em que a "verdade vai destruindo as falsas imputações pretéritas" de que é acusado, novas acusações surgem para tentar indispor-lhe com os senadores.
"Eu sim tive a vida devassada e não recorreria a indignidade como as que me foram falsamente atribuídas. É preciso ter responsabilidade e cobrar das fontes das maledicências as provas das acusações."
O senador reafirma, na nota, que mantém "sincero respeito" por todos os parlamentares sem qualquer exceção. "São ilustres pares que, como eu, foram eleitos pelo voto popular e desempenham nesta Casa papel fundamental para o aperfeiçoamento da democracia e do Estado de Direito", diz Renan.
Escórcio também rebateu as acusações. O assessor de Renan confirma que se encontrou na capital goiana com o empresário Pedro Abrão, mas nega ter pedido informações para serem usadas contra os dois senadores.
"No nosso encontro não constou qualquer sugestão de obter informações sobre os senadores de Goiás, nem examinado o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros. Sou amigo pessoal do senador Demóstenes Torres e em nenhum momento me prestaria a fazer nada contra ele", diz ele, em nota oficial.
O assessor de Renan diz que as acusações são "ilações sem fundamento" pois o motivo de sua viagem a Goiânia foi resolver pendências partidárias. Escórcio nega que tenha procurado Abrão para pedir que fizesse imagens de Demóstenes e Perillo embarcando em jatos particulares para, posteriormente, Renan usar o material como chantagem aos dois senadores.
Escórcio afirma também que em nenhum momento visitou um hangar de táxi aéreo, onde supostamente teria pedido para Abrão --dono do hangar-- fazer as imagens de Demóstenes e Perillo.
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