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Politica Brasil
Domingo - 07 de Outubro de 2007 às 18:14

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Preocupados com a preservação dos conhecimentos de seus povos, estudantes indígenas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e de outras escolas participam, no período de 11 a 13 deste mês, do encontro ´Nas Trilhas dos Ancestrais`.

O evento é organizado pelo Círculo dos Saberes e pelo Povo Paresí da Aldeia Formoso, que fica no município de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. O grupo esteve em reunião com o reitor Paulo Speller para falar sobre a proposta do encontro, que visa unir e partilhar conhecimentos de diferentes gerações de cada povo, e convidá-lo a participar.

´´Queremos agradecer pela chance de estarmos nessa universidade e fazemos questão de sua participação``, disse Evandro Paresí, vestido a caráter para representar seu povo. Ele ainda não ingressou na UFMT, mas já se inscreveu no Processo Seletivo Específico para os Povos Indígenas de Mato Grosso.

No último processo, em julho, entraram quatro estudantes nos cursos de Enfermagem de Rondonópolis e Sinop somando-se 10 com os seis de Medicina e Enfermagem de Cuiabá. ´´Queremos chegar às cem vagas com bolsas, com apoio da Funasa, da Funai e com a parceria do Banco do Brasil, que estamos buscando para ampliar o programa``, disse o reitor.

A ampliação de vagas está prevista no Programa de Inclusão de Estudantes Indígenas (Proind), aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMT (Consepe), no dia 12 setembro. O programa foi denominado ´Guerreiros da Caneta`, frase cunhada pelo estudante Cacildo Tsiramne, da etnia Xavante, no seu primeiro dia no campus da UFMT, como aluno aprovado para o curso de Medicina,no início de 2007.

Para ele o guerreiro de flecha e agora vai ser guerreiro de caneta , disse, ao ser recebido na Reitoria, onde esteve com Esvael Cuiava, também de Medicina; Iranil Jurapi(Enfermagem) e Estêvão Taukane (Filosofia) e de Karoline Taukane e Evandro Pareci.

O Programa Permanente de Acompanhamento Acadêmico dos Estudantes Indígenas da UFMT (Proind) foi criado por um período de cinco anos, que poderá ser estendido posteriormente.

Para essa fase inicial foram destinadas cem vagas, sendo dez para 2008, 20 para 2009, 20 para 2010, 25 para 2011 e 25 para 2012. A seleção dos candidatos será efetuada através de um processo seletivo específico e diferenciado, no qual, além da prova objetiva, de conhecimentos gerais e da redação, haverá uma prova oral que visa a valorizar a tradição da oralidade e conhecimentos dos povos indígenas.

As dez vagas para 2008 destinam-se aos cursos de nutrição (2), agronomia (2), engenharia florestal (3) e engenharia sanitária e ambiental (3).

Trilhas – O encontro vai reunir representantes de diferentes povos indígenas de Mato Grosso buscando colocar em contato diferentes gerações de cada um deles para partilhar conhecimentos integrando o contemporâneo ao ancestral no mesmo espaço de vivência e debate.

´´Os mais velhos vão poder contar histórias, poderemos conhecer o que é comum entre nós, algo que nos aproxima``, diz a assessora de imprensa da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Isabel Taukane. Para Estevão Taukane, a preocupação atual é não só gravar, mas sistematizar esses conhecimentos preservando-os e repassando-os para novas gerações.

No dia 11 a programação começa às 06h, com o despertar da manhã (Haliti) e no dia 12, inicia às 05h30, com o despertar da manhã (Manoki). As atividades incluem ainda falas das lideranças indígenas e convidados, danças das etnias; Artes da vida, Círculo em volta do fogo (música, histórias e danças); exercícios físicos, caminhada na mata para percepção dos sons e do cheiro da natureza e oficinas de brinquedo, de arco e flecha, de sons étnicos, de cestaria e teatro ritual.

Estão previstas também as palestras ´A importância da ancestralidade nos dias atuais`, com os participantes Jonh Stokes, do projeto The Traking, Daniel Cabixi e Nelsinho Zaezomae, lideranças Paresí e Narciso, da aldeia Quatro Cachoerias; ´Por que investigar as trilhas dos ancetrais?`, com a pesquisadora Carolina Joana, da UFMT, com a educadora Darlene Taukane, com as professoras da UFMT, Heloisa Ariano, da Antropologia e Thereza Martha, da História; e ´O sistema ancestral e novos líderes – O desafio de novos tempos`, com Estêvão Taukane, Genilsom Kezomae (Paresi), Rony Azonayce (Pareci), todas tendo como moderadora Ramona Ferreira.

Participarão a professora do Departamento de Antropologia, Carmen Lucia da Silva, coordenadora do Programa de Acompanhamento Acadêmico dos Estudantes Indígenas e o estudante Cícero Eduardo Rodrigues Garcia, do curso de Ciências Sociais e bolsista do Proind.




Fonte: TVCA

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