Pirataria precipita lançamento de "Tropa de Elite"
A avaliação de que os prejuízos causados pela pirataria vinham aumentando rapidamente, com a estimativa de 1 milhão de cópias ilegais vendidas, levou os distribuidores a antecipar para hoje a estréia, antes marcada para o próximo dia 12, de "Tropa de Elite", primeiro longa de ficção do diretor José Padilha.
Nem um pouco agradável, a condição de best-seller do mercado ilegal --até então, exclusividade de superproduções internacionais-- serve ao menos de bom termômetro para o interesse por esse controvertido mergulho no confronto entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro.
Quem vive diariamente no olho do furacão e narra para o espectador a sensação barra-pesada de estar ali é Nascimento (Wagner Moura), oficial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Prestes a se tornar pai e pressionado pela mulher (Maria Ribeiro), ele quer largar o front, mas precisa antes encontrar um substituto.
Os dois recrutas que considera mais promissores para sucedê-lo são Neto (Caio Junqueira) e André (André Matias). Enquanto os avalia, Nascimento ultrapassa o limiar de discernimento entre o certo e o errado, e passa a considerar que suas ações obedecem a um código moral próprio. Está longe de ser herói, mas também não é apresentado como vilão.
Com a estrutura típica de filme policial sobre os "assuntos internos" da corporação, "Tropa de Elite" tem parentesco com os documentários "Notícias de uma Guerra Particular", de João Moreira Salles, e "Ônibus 174", também de Padilha, e com "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, na abordagem, sob fogo cerrado, da desigualdade social, da criminalidade e da corrupção policial.
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