Repórter News - reporternews.com.br
Cultura
Quarta - 03 de Outubro de 2007 às 19:10

    Imprimir


Produtores de artesanato no Nordeste brasileiro já exportam máscaras de carnaval, bonecas e instrumentos musicais para a Holanda





Cuiabá/MT- O cenário do comércio justo de três países - Brasil, França e Equador -, foi disseminado durante o Debate do Mercado Internacional, realizado nesta quarta-feira (03), no Seminário Internacional do Comércio Justo e Solidário. O evento promovido pelo Sebrae-MT contou com a participação do presidente do Departamento de Comércio Justo Eqüitable (França), David Giffar; da diretora executiva da Associação Latino Americana de Comércio Justo (IFAT-LA), Pilar Albareda (Equador) e das brasileiras Ana Asti, fundadora e vice presidente da ONG Onda Solidária (Rio de Janeiro) e Fabiana Dumont, gerente de negócios da Ética do Brasil.



A gerente de negócios Fabiana Dumont, abordou a experiência da empresa no mercado externo. Ela falou dos desafios do comércio justo e citou o caso de sucesso da rede de comércio estabelecida entre núcleos produtores de artesanato no Nordeste brasileiro e a Holanda. Desde 2002, cerca de 35 grupos de produção exportam artesanatos que remetem à cultura brasileira. São máscaras de carnaval, bonecas, instrumentos musicais e souvenires de barro, papel machê, e tecidos naturais coloridos.

Hoje, o núcleo, que reúne mais de 600 produtores de Estados como Pernambuco e Alagoas, vende para o mercado europeu três containers de artesanato por ano. "O investimento de cada produtor varia. Alguns vendem R$ 50 em trabalhos enquanto outros vendem R$ 5 mil", explica Dumont. Ela acredita que a primeira medida a ser tomada pelos produtores que pretendem ingressar no mercado justo internacional é formar um consórcio para exportação. "Com o consórcio é possível reduzir o custo de transporte e assim viabilizar a compra dos trabalhos pelos empresários de outros países", acrescentou.

Durante o encontro, os representantes falaram também sobre os principais desafios do comércio justo. O designer, a logística e o conhecimento de mercado dos produtores foram os principais entraves citados pela fundadora da ONG Onda Solidária, Ana Asti. "Um dos principais obstáculos é a dificuldade que o produtor tem em acessar informações que o auxiliem na hora da negociação", disse a empresária carioca que começou a apostar nesta nova forma de organização comercial depois de trabalhar com costureiras de favelas do Rio de Janeiro. "No início, o comércio solidário tinha cunho mais político. Era uma luta da própria Igreja Católica em parceria com as Organizações não Governamentais numa tentativa de fazer justiça de mercado. Hoje é uma ótica mais profissional, temos consciência de que precisa ser uma prática interessante para os dois lados", completou.

Tornar os frutos do comércio justo atraentes também no momento da circulação é uma das preocupações do jovem empresário francês David Giffar. Durante o debate, o presidente do Departamento de Comércio Justo Eqüitable, salientou a importância de tornar a prática do comércio solidário auto-sustentável. "Hoje negociamos diretamente com cinco núcleos de produção brasileiros. Além de exigirmos que esses produtos obedeçam termos éticos, étnicos e ainda respeitem o meio ambiente, eles têm de atender as exigências do mercado francês, como por exemplo o designer e o custo acessível", disse.

Para o empresário, o mercado justo - que desde a década de 60 desenvolve-se na Europa - é mesmo uma tendência que veio para ficar. "Nos últimos três anos as trocas comerciais baseadas no respeito ao ser humano e a natureza tem evoluído em todo o mundo. E mais consciente o consumidor for, maior será o volume de vendas", contextualizou. "Para mim, é a forma justa de todo mundo sair ganhando", finalizou. (Por: Sabrina Gahyva)




Fonte: Assessoria

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/204427/visualizar/