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Politica Brasil
Segunda - 01 de Outubro de 2007 às 09:39

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Depois dos transgênicos, a polêmica envolvendo a autorização para plantio de cana-de-açúcar na Amazônia será o novo embate entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, que têm, obviamente, posições contrárias sobre o assunto. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reafirmou que o plantio na região deverá ser permitido e incentivado em áreas já degradadas ou devastadas, o que provocou uma reação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que ligou para Stephanes.

Na conversa, ela ''''confirmou e reafirmou'''' que o governo não vai estimular o plantio que resulte direta ou indiretamente em desmatamento da Amazônia, contou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.

A polêmica extrapolou os gabinetes e chegou ao Congresso Nacional. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), integrante da chamada bancada ruralista, acusou a ministra de desrespeitar a Constituição Federal. ''''Os produtores têm livre-arbítrio. Não tem cabimento impor restrição ao plantio em áreas degradadas. É inconstitucional.''''

Já o deputado Ivan Valente (PSol-SP) acredita que autorizar o plantio, com ou sem incentivo, é um ''''erro crasso''''. ''''Autorizar o plantio é atentar contra o interesse público de preservação da floresta'''', comentou. O deputado discorda da proposta do ministro de autorizar a instalação de canaviais apenas em áreas degradadas. ''''Primeiro (os agricultores) vão degradar e depois plantar cana. A lei permite'''', ironizou.

Para o senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), que também faz parte da tropa de choque dos ruralistas no Congresso, se a ministra mantiver uma ''''posição radical'''' sobre o tema, o Mato Grosso estará condenado. ''''A posição de não plantar representa um atraso para a economia do Estado'''', afirmou. Grande produtor nacional de grãos, o Mato Grosso é acusado por grupos ambientais internacionais de desmatar a Amazônia para plantar soja. O senador disse que não vê problemas em permitir a instalação dos canaviais em áreas desmatadas da Amazônia. ''''Elas já foram desmatadas, então porquê não ocupá-las?''''

Para Ivan Valente, o plantio de cana é ''''degradante e predatório''''. Ele lembrou que os subprodutos do processo de produção de açúcar e álcool, entre eles o vinhoto - resíduo poluente que sobra após a destilação da cana, são altamente nocivos ao meio ambiente. ''''Além disso, a queimada da cana representa um desastre para a Amazônia'''', afirmou.

O deputado Chico Alencar (PSol-RJ), que integra a Frente Parlamentar Ambientalista, lamentou a proposta de Stephanes e criticou o que ele chamou de ''''absolutização do agronegócio''''. ''''Em nome da rentabilidade do agronegócio e dos biocombustíveis, pode-se fazer tudo, inclusive abandonar o princípio da precaução'''', disse.

Os deputados do PSol sinalizaram temer que o Ministério do Meio Ambiente seja perdedor nesse embate. Valente avaliou que o ministério tem sido ''''frouxo'''' e citou que a autorização para que empresas privadas explorem florestas públicas é ''''uma maneira de acelerar o desmatamento''''. A primeira concessão foi dada no mês passado para uma empresa de Rondônia. ''''O Meio Ambiente sempre perde'''', resumiu Alencar.

Além da questão da exploração das florestas, ele lembrou que a ministra também foi resistente quando o assunto era a liberação de transgênicos e a transposição do Rio são Francisco. ''''O Meio Ambiente resiste, mas acaba cedendo. Temo que o papel do ministério seja apenas simbólico; que não tenha força política.''''





Fonte: AE

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