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Internacional
Domingo - 30 de Setembro de 2007 às 18:01

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Como marco final da influência reformista do ex-primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi, amanhã começa um longo processo de dez anos para privatizar o serviço postal japonês, o Japan Post, seu maior e mais polêmico projeto no âmbito econômico.

O enorme conglomerado público também é o maior banco do mundo - com mais de US$ 3 trilhões em ativos - e conta com 25 mil escritórios e mais de 260 mil empregados. A medida o transformará em quatro empresas com segmentos de negócio diferenciados e presentes na bolsa.

Koizumi queria acabar com a grande despesa que a entidade pública representava para o Estado, melhorando sua eficiência e cortando os laços que a ligavam às autoridades locais, muitas vezes de seu próprio partido, o Liberal-Democrata (PLD).

Considerado o símbolo da modernização administrativa japonesa empreendida por Junichiro Koizumi, a tramitação deste projeto de lei causou sérios problemas ao Governo japonês e chegou a provocar uma convocação de eleições antecipada.

As maiores crises para o Executivo não foram com a oposição política, mas com fileiras de sua própria legenda. Membros conservadores do PLD se opuseram à privatização do Japan Post.

Curiosamente, o processo terá início três semanas depois da renúncia do sucessor de Koizumi, o também reformista Shinzo Abe, que, saindo do Executivo e da Presidência do PLD, levou o poder no partido de volta aos conservadores.

No âmbito econômico, alguns analistas destacaram que a privatização do serviço postal pode ser revitalizadora para o país, que enfrenta um fraco crescimento, causado principalmente pelo risco persistente da deflação.

No entanto, também apontaram os riscos do processo para algumas das empresas, que terão que se adaptar à forte concorrência do setor financeiro japonês sem o apoio do Governo.

O presidente do Centro de Estudos de Políticas Públicas Internacionais, Naoki Tanaka, destacou hoje em artigo no jornal econômico "Nikkei" que tanto o banco como a seguradora que surgirão da privatização terão que ganhar diariamente "a confiança do público e dos políticos".

A privatização servirá para reduzir a dívida pública japonesa, a maior entre os países desenvolvidos.

O Japan Post é o maior comprador de papéis da dívida pública do Estado, com cerca de 140 trilhões de ienes em bônus públicos (US$ 1,22 trilhão).

Em agosto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a dívida pública do Japão continua "inquietantemente alta", pois já equivale a 80% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e "continua aumentando".

A realização do sonho de Junichiro Koizumi, concebido em 1992 quando ele era ministro de Correios e Telecomunicações, tornou-se viável em 14 de outubro de 2005, quando o Senado aprovou a lei para privatizar o Japan Post, três dias após ter sido sancionada pelo Parlamento.

Esta era a segunda ocasião na qual o projeto de lei era levado ao Legislativo japonês, já que na primeira vez, em agosto de 2005, o Senado tinha rejeitado a reforma.

Este revés levou Koizumi a dissolver o Parlamento e convocar eleições para o mês seguinte, ligando a reeleição à privatização do serviço postal japonês.

O então primeiro-ministro, que contava com uma grande popularidade, saiu reforçado das eleições, transformadas em uma espécie de plebiscito. Ele obteve a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, o que lhe serviu ainda como resposta a seus críticos dentro do PLD.

Dias depois, o Governo apresentou o novo projeto de lei sobre o Japan Post, e em outubro de 2005, obteve a aprovação de ambas as câmaras.





Fonte: EFE

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