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Politica Brasil
Domingo - 30 de Setembro de 2007 às 10:48
Por: Mariana Oliveira

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O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa nesta quarta-feira (3) três mandados de segurança que, na prática, podem abrir precedente para que 44 deputados federais percam suas cadeiras na Câmara.

Os ministros do Supremo vão analisar pedidos de PPS, PSDB e DEM, que tentam reaver na Justiça 23 mandatos dos deputados que deixaram as siglas após as eleições de 2006 até maio deste ano. Caso a decisão seja favorável às legendas, todos os partidos que perderam parlamentares podem entrar com o requerimento.

Os pedidos dos partidos se baseiam em decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no mês de março, de que os mandatos dos vereadores, deputados estaduais e deputados federais não pertencem aos candidatos, mas sim aos partidos pelos quais foram eleitos (entenda a decisão do TSE).

Em agosto, o tribunal eleitoral voltou a avaliar o tema e entendeu que a perda do mandato vale também quando a troca ocorre entre partidos da mesma coligação.

Desde as eleições do ano passado, 46 deputados federais mudaram de partido. Deles, 24 saíram da oposição e migraram para a base do governo. Dezoito saíram de legendas da ala governista para outro partido que também integra a base. Um deputado de oposição mudou para legenda também de oposição e outro saiu do governo e está sem partido.

Dois mudaram de partido, mas acabaram voltando à sigla pela qual foram eleitos. Um deles é Lindomar Garçon (PV-RO), que saiu do PV para o PR, mas voltou para PV.

“Fui eleito pelo PV e levei essa questão do TSE em consideração. Não é salutar o político ir contra os entendimentos jurídicos. Errar é justificável, permanecer no erro, não”, afirmou ao G1 logo após a decisão de voltar ao partido.

O partido mais beneficiado com as migrações foi o PR, que recebeu 18 parlamentares desde as eleições do ano passado. A legenda, agora com 42 deputados, passou a ter a quinta maior bancada da Câmara. Está atrás de PMDB (93), PT (81), DEM (59) e PSDB (58). Se perdesse os 18 parlamentares, ficaria com 24 cadeiras e seria menor do que PP (39) e PSB (30).

Mandados de segurança

O Supremo vai julgar os mandados de segurança 26602, impetrado pelo PPS; 26603, protocolado pelo PSDB; e o 26604, pelo DEM. Nos três casos, as siglas solicitaram primeiro à Câmara a vacância do cargo e a posse de um suplente. Como tiveram pedido negado, recorreram ao STF.

O PPS requer ao tribunal oito mandatos: os dos deputados Airton Roveda (PR), Paulo Piau (MG), Ratinho Junior (PR), Homero Pereira (MT), Neilton Mulim (RJ), Veloso (BA), Colbert Martins (BA) e Lucenira Pimentel (AP). O deputado Geraldo Resende (MS) saiu do partido após o PPS protocolar o pedido e não está na lista.

A ação do PSDB pede de volta sete mandatos: os de Djalma Berger (SC), Leo Alcântara (CE), Marcelo Teixeira (CE), Vicente Arruda (CE), Átila Lira (PI), Vicentinho Alves (TO) e Armando Abílio (PB).

O DEM também requer a vacância de oito cadeiras. Os deputados que podem perder a vaga são Jusmari Oliveira (BA), Cristiano Matheus (AL), Tonha Magalhães (BA), José Rocha (BA), Marcelo Guimarães Filho (BA), Laurez Moreira (TO), Nelson Goetten (SC) e Sabino Castelo Branco (AM). O deputado Gervásio Silva (SC) deixou o partido após a entrada da ação no Supremo.

Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, PPS e PSDB tiveram liminares negadas em relação ao processo. Em relação ao mandado do DEM, o mérito será julgado diretamente.

Parecer

No último dia 20 de setembro, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, encaminhou ao Supremo um parecer relativo ao requerimento do PSDB. Ele opinou pelo não-recebimento da ação.

“A filiação partidária é uma condição de participação no processo eleitoral, e não de permanência no cargo”, argumentou no parecer e disse ainda que, caso o plenário decida pela concessão do pedido, ele entende que o seu efeito deve ser aplicável apenas à próxima legislatura.

Um dos ministros, porém, já se posicionou publicamente a favor dos partidos. Em entrevista à Globo News na última quarta (26), Marco Aurélio Mello disse ser favorável ao entendimento do TSE.

“Eu penso que a postura desses parlamentares é muito temerária. Há risco latente de eles perderem os mandatos. Mas os partidos não perderão. Os partidos permanecerão robustecidos.”





Fonte: G1

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