País perdeu R$ 3 bi com crise aérea no último ano
Nos últimos 365 dias, o Brasil perdeu cerca de R$ 3 bilhões - o mesmo valor do orçamento da saúde na cidade de São Paulo ou duas vezes mais do que é gasto anualmente pelo governo federal em projetos e pesquisas de ciência e tecnologia.
A estimativa foi feita a pedido do Estado pela empresa de consultoria econômica MB Associados - comandada pelo ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda José Roberto Mendonça de Barros - , especializada em análises macroeconômicas e setoriais. O trabalho levou em conta o prejuízo das empresas aéreas, do setor de turismo de lazer e de negócios. 'O impacto da crise afetou toda a cadeia hoteleira, empresas de turismo e de restaurantes, além de reduzir os investimentos em diversos Estados', diz o economista Sergio Vale, autor da pesquisa. 'O turismo de negócios certamente foi o mais afetado. Devemos cair da posição de sétimo maior receptor de eventos internacionais do mundo.'
O prejuízo só em vôos domésticos foi calculado em R$ 250 milhões a R$ 300 milhões. As estimativas mostram que se perdeu quase 1 bilhão de passageiros-quilômetro (produto da quantidade de passageiros por km voado em cada trecho) por causa do caos na aviação. Em outras palavras, as empresas cresceram 6% no acumulado de 12 meses, quando poderiam ter chegado a 11,25% - índice próximo dos 12,6% de 2006.
No caso dos vôos internacionais, a perda foi ainda maior. A queda de passageiros-km acumulada em 12 meses foi de 41,4%, utilizando-se apenas dados de empresas nacionais que fazem rotas internacionais. Pelas mesmas projeções, a MB chegou ao R$ 1,53 bilhão que se deixou de ganhar.
A crise aérea não afetou só os cofres das companhias aéreas brasileiras, mas também o resultado de cerca de 50 setores diferentes da economia que dependem dos turistas para sobreviver - dos táxis e restaurantes aos apartamentos da rede hoteleira e lojas comerciais. Segundo a MB Associados, todo o setor de turismo nacional acumulou uma perda de até R$ 1,3 bilhão por causa dos efeitos do apagão aéreo - número que pode crescer e ficar ainda mais preocupante neste fim de ano.
Vale citar dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que mostram que a venda de pacotes turísticos no primeiro semestre caiu entre 20% e 25% em relação a igual período de 2006. O turismo de negócio também saiu perdendo - só na cidade de Florianópolis, por exemplo, o número de eventos empresariais caiu 40% em um ano.
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