Jovens têm se machucado mais no esporte, diz estudo

Os adolescentes estão se machucando mais durante as atividades esportivas. Um levantamento que acompanhou jovens nessa faixa etária (dos 14 aos 16 anos) nos últimos dez anos aponta que houve um acréscimo de 30% nas lesões de joelho decorrentes da prática de esportes. Se antes eles representavam entre 2% e 3% dos pacientes com lesões, hoje, o percentual chega a 10%.

O trabalho, do especialista em medicina desportiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Ari Zekcer, aponta também que até 90% dos procedimentos cirúrgicos no joelho realizados nesses jovens são motivados mesmo por causa da atividade esportiva.

Segundo ele, uma das explicações é que os esportes de contato, como futebol e handebol, são introduzidos cada vez mais cedo nas aulas de educação física das escolas. Para ele, o caráter de competição dessas atividades acaba "forçando" os alunos a manter uma atitude mais agressiva nos jogos.

A lesão de joelho mais comum é no ligamento entre o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso da canela). É causada, em geral, por torção. Quando esse ligamento é rompido, só com tratamento cirúrgico pode-se voltar à atividade esportiva.

Em geral, o tempo de recuperação leva cerca de seis meses, explica o ortopedista. A falta de orientação é apontada como o principal fator que leva as crianças e os adolescentes a se machucarem.

Para a pediatra e médica do esporte do laboratório de medicina esportiva do Hospital das Clínicas de São Paulo Ana Lúcia Pinto, os exames que avaliam os riscos de lesão não fazem parte da rotina das aulas de educação física na maioria das escolas do país. "Em geral, não se examina postura, balanceamento da musculatura, alongamento dos músculos. Por isso, a chance de ocorrer uma lesão é maior."

Os adolescentes também não costumam ter uma preocupação prévia em relação ao preparo físico. "Começam um treino muito repentinamente, mudam de treinamento de uma hora para outra e não fortalecem a musculatura adequadamente antes de começarem uma prática", diz Ana Lúcia.