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Polícia Brasil
Domingo - 26 de Agosto de 2007 às 07:04
Por: José Ribamar Trindade

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“Estamos sendo enganados”. O alerta é de um usuário de drogas. Hoje em Mato Grosso, principalmente em Cuiabá e Várzea Grande, mais de 80% da droga consumida é “batizada” - misturada com outros produtos químicos e até com farinha de trigo -, e pode, dependendo da mistura, levar os consumidores até a morte. A afirmação é de um consumidor de cocaína que pediu para não ser identificado por medida de segurança. Um traficante desmente e ainda expõem fatos até então desconhecidos para quem não usa droga.

Revoltado, o usuário bem esclarecido, contou à reportagem do Site 24 Horas News, que chegou à essa conclusão, justamente pela imprensa e por já ter passado mal duas vezes após usar cocaína “batizada”.

Segundo o usuário, todas às vezes que as Polícias Civil e Militar apreendem drogas, principalmente quando estouram “bocas”, sempre fica evidenciado nas reportagens policiais como funciona o esquema, justamente devido o material apreendido nos referidos locais.

“Sempre que a Polícia estoura uma boca, encontra, além de drogas, material que os traficantes usam para batizá-la. Li pelos jornais e vi agora a pouco pela televisão, a Polícia Militar mostrando o que apreendeu dentro de uma boca no bairro Renascer. Mais uma vez eles (os traficantes) estavam misturando a pasta base da cocaína com outros produtos para aumentar a quantidade e gerar mais lucros para eles”, destaca o usuário.

Além do bairro Renascer, em Cuiabá, onde a PM apreendeu droga e produtos que estavam sendo usados para “batizar” quase três quilos de pasta base de cocaína apreendidos, segundo o usuário, ele vem acompanhando essas mesmas apreensões em outras “bocas” estouradas em outros bairros da Capital e Várzea Grande nos últimos anos.

O pior, segundo ainda o denunciante, é que apesar da Polícia apreender e a imprensa mostrar as mazelas dos traficantes, sem um mínimo de respeito com os usuários, muitos, ou quase todos os viciados não estão nem ai para a qualidade no momento de entrar em transe.

“Ninguém não está ligando para a qualidade quando está a fim de entrar numa. Eu falo isso por mim, porque também, como todos, sei que posso estar comprando e usando uma droga misturada, mas sempre volto lá e compro, principalmente quando já estou noiado (depois de usar muita droga). Por conta disso eu já fui parar no hospital duas vezes”, assume.

Um policial, que também pediu para não ser identificado, não apenas confirmou as denúncias do usuário de drogas, como ainda foi mais além. Segundo ele (o policial), poucas são as “bocas” de Cuiabá e Várzea Grande que vendem droga pura.

“Além dos locais, onde a gente sempre encontra produtos para a mistura, principalmente de pasta base e de cocaína, os próprios usuários, quando são detidos, nos revelam que sabem que estavam usando droga misturada”, confirma.

MENTIRA

A reportagem procurou um homem que já foi preso duas vezes por tráfico de drogas em Cuiabá, mas que atualmente está em liberdade. Traficante assumido, ele também aceitou conversar com a reportagem com as mesmas condições do usuário de drogas e do policial: não ter seu nome revelado.

Primeiro ele (o traficante) começa dizendo que ninguém pode generalizar. Até porque, segundo ele, existem sim, em Cuiabá e Várzea Grande, muitas “bocas” que só vendem droga pura. Só que o preço é muito alto e ela só é vendida basicamente para consumidores de classe média alta para cima.

Segundo ainda o traficante, nos mesmos lugares onde são vendidas as conhecidas drogas “batizadas”, também se vende droga pura. Para ele, tudo é apenas uma questão de escolha e de poder aquisitivo. Ou seja, quem chega a pé numa “boca”, automaticamente não tem dinheiro suficiente para pagar por um papelote de droga pura.

“Mentira. É mentira pura de quem diz que compra droga batizada e que não sabe que ela é misturada. Sabe sim. Sabe porque também sabe que o preço da droga batizada é bem mais abaixo da droga pura. Sabe porque quem compra droga misturada sempre chega à boca a pé e com o dinheiro contadinho. Muitas vezes paga a metade e deixa uma parte fiado. E ainda tem aqueles que pagam com objetos roubados. Isso são fatos de reais e de conhecimento de todos, principalmente de quem usa droga”, concluiu.





Fonte: 24 Horas News

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