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Politica Brasil
Sábado - 25 de Agosto de 2007 às 22:00

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A secretária-geral da Mesa do Senado, Cláudia Lyra, revisou pessoalmente e reteve ontem o depoimento secreto do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), prestado aos relatores do processo contra ele no Conselho de Ética.

O depoimento aconteceu na noite de anteontem, a portas fechadas, no gabinete do presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Acompanharam a reunião os três relatores do caso -Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE)-, Quintanilha, o contador de Renan, José Appel, dois assessores do conselho e a própria Cláudia Lyra. As falas foram gravadas por um operador de áudio do Senado.

Durante cerca de duas horas, Renan tentou rebater dúvidas da perícia da Polícia Federal.

A previsão era que notas taquigráficas da sessão fossem disponibilizadas aos relatores no início da manhã. Tradicionalmente, esse tipo de procedimento leva poucas horas para ser concluído. No entanto, por volta das 17h, após dois funcionários de seu gabinete voltarem com as mãos vazias da Secretaria Geral da Mesa, Marisa Serrano foi pessoalmente em busca dos dados, mas não encontrou Cláudia. Ela revisava a íntegra do depoimento na sala da Secretaria de Taquigrafia.

Flagrada por jornalistas com um fone de ouvido, Cláudia fazia anotações a lápis na transcrição do depoimento que, segundo ela, seriam repassadas ao computador. Havia frases riscadas, palavras e números circulados e anotações feitas nas laterais de quase todas as páginas. Ela enviou uma cópia ontem à noite à senadora.

Nomeada por Renan para o cargo, Cláudia é funcionária de carreira do Senado. Sua irmã é secretária do gabinete da presidência. Quando foi abordada, a tela do computador exibia trechos de um diálogo no qual Renan argumentava que a ausência de despesas de custeio nas fazendas se explicava pelo fato de elas serem supridas pelo espólio do pai.

Cláudia Lyra disse que sua intenção era decifrar diálogos, especialmente quando senadores falaram simultaneamente. "Vi que havia oradores não-identificados, frases faltando."

Questionada se era praxe se deslocar até o departamento taquigráfico para revisar pessoalmente um depoimento de duas horas, ela afirmou que "não se trata de um fato inusitado" e que fazia uso de sua experiência de taquígrafa. E utilizou um ato da presidência do Senado, de 1997, para justificar sua atitude. Na época ela era secretária-geral adjunta e o então presidente da Casa, senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), a designou para supervisionar, coordenar e orientar as subsecretarias de Taquigrafia e Expediente.

Casagrande e Marisa Serrano afirmaram que vão requerer o áudio do depoimento para checar se houve alguma alteração no contexto. "É um atraso inaceitável e, se houve alguma mudança, vou denunciá-la", disse o senador. Procurado por meio de sua assessoria, Renan não se manifestou sobre o caso.





Fonte: Folha de S.Paulo

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