Queimadas diminuem 12% em período proibitivo
Apesar do número geral das queimadas ter aumentado em 5% em Mato Grosso, um relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informa que durante o período proibitivo (julho a agosto) os incêndios reduziram 12%. Os dados são apresentados dois dias após a fala da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que esteve em Cuiabá e ressaltou o trabalho de fiscalização da Polícia Federal no combate ao desmatamento.
Segundo o superintendente da Defesa Civil, major Cunha, os números são bons, mas ainda há um longo caminho pela frente. "Existem muitas áreas não licenciadas, mas estamos realizando fiscalização em todo Estado", afirma o major. O núcleo de fiscalização tem disponível duas aeronaves de apoio que realizam a varredura pelo ar. Semana passada foi a vez de Sinop. Segundo major Cunha, a operação foi muito produtiva. "Teremos um balanço mais detalhado no final do mês, mas já adianto que conseguimos realizar um bom trabalho na região".
De acordo com dados da Sema, os tipos de locais que apresentam maior incidência de queimadas são as propriedades rurais não licenciadas - nessa categoria encaixam-se também os territórios indígenas e assentamentos rurais. Ao todo eles representam 70% do total de queimadas e os outros 30% ficam por conta das propriedades licenciadas. "Temos atualmente no Estado de Mato Grosso apenas 16 mil propriedades regulares e mais de 150 mil não licenciadas, um número muito grande que vai ser combatido", disse o major Cunha.
As aldeias indígenas são um problema à parte. A Sema diz não receber solicitações para combater o fogo nessas áreas, mas o radar do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou dezenas de focos de calor em Parecis, Juína, Xavantes e Vila Rica. A Funai confirma as queimadas e diz que nessa época do ano elas fogem do controle devido a tradições indigenas.
O administrador substituto da Funai, Benedito Cezar Garcia Araújo, diz que na terra indígena Parecis os índios derrubam as árvores, esperam o tronco secar e tocam fogo para abrir a chamadas "roça de toco". "É uma prática tradicional, não muito diferente da que o homem branco faz, mas que nessa época do ano infelizmente traz conseqüências graves", diz Araújo. Já no território de Xavantes é a caça que causa queimadas, uma vez que os índios costumam queimar a mata para atrair os animais.
Araújo conta que o Ibama prometeu um curso para conscientização de queimadas para o mês que vem. "Essa prática deve ser moderada ou combatida, nessa época do ano qualquer ventinho leva o fogo embora", diz Araújo.
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