Processos da Máfia da Ambulâncias continuam sem data para terminar
Mais de um ano depois da operação de revelou o esquema das sanguessugas, os trabalhos na Justiça continuam sem data para terminar. Foram quatro anos de investigações até o dia 4 de maio de 2006, data em que a Polícia Federal deflagrou a operação em cinco Estados e o Distrito Federal. Mato Grosso ficou no centro do negócio criminoso e só aqui foram expedidos 70 mandados de prisão, busca e apreensão, entre eles dos donos da empresa Planan.
Darci e Luiz Antônio Vedoin foram apontados como chefes da máfia que se aproveitava de emendas parlamentares para vendas superfaturadas a prefeituras. Segundo as investigações, a máfia das sanguessugas mantinha laços estreitos com políticos de Brasilia. Lá funcionaria um outro braço do esquema, que atuaria em gabinetes e ministérios. Um emaranhado de propostas e trocas de favores, conversas que foram gravadas em horas de escutas telefonicas.
José Vagner dos Santos era um deles. Na época servidor da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), ele seria o contato entre a família Vedoin e as prefeituras interessadas na compra de ambulâncias. A negociação subia mais um degrau. Em Brasília contava com a mediação dos donos da Planam em gabinetes de parlamentares para a liberação de emendas. Era esse o dinheiro para a compra das ambulâncias acima do valor real e com folga para o pagamento de propinas. O esquema, segundo os processos, tinha o apoio de uma assessora do Ministério da Saúde, Maria Penha Lino, que seria quem avaliaria as licitações e firmaria convênios para as liberações das ambulâncias.
Os números do esquema surpreendem. O Ministério Público de Mato Grosso denunciou 168 envolvidos, ex-prefeitos, ex-assessores parlamentares e ex-deputados federais. Na semana passada um deles foi preso por faltar a depoimentos marcados pela justiça. Lino Rossi chegou algemado à PF em Cuaibá.
Para Manoel Motta, analista político, a democracia pode sair fortalecida após tamanho escândalo. "Acho que existem dois julgamentos nesse caso. Um é o julgamento político e, o outro, é o julgamento jurídico. O julgamento político quem faz é a cidadania. Crises podem fortalecer as instituições e a democracia, uma vez que a sociedade tem maior noção de transparência", acredita Motta.
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