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Politica Brasil
Quarta - 15 de Agosto de 2007 às 23:11

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RIO - O ex-ministro José Dirceu disse, num jantar com intelectuais e artistas no Rio na última segunda-feira, 13, que não abandonará a ação política mesmo que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite a denúncia do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que o envolve nos crimes praticados no escândalo do mensalão. O deputado cassado em 2005 demonstrou estar consciente de que deverá se tornar réu do processo, mas disse ver uma possível recusa da denúncia como o ponto de partida para sua anistia política.

"Ele não demonstrou pessimismo nem otimismo. É um homem bastante realista. Não tem devaneios", disse o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, anfitrião de Dirceu, sobre a expectativa do ex-ministro em relação à apreciação da denúncia do procurador-geral pelo STF. Reuniram-se na casa do produtor e de sua mulher, a produtora Luci Barreto, artistas como Antônio Grassi, Antônio Pitanga, Ana Carolina e Wagner Tiso, petistas cariocas como Vladimir Palmeira, Benedita da Silva e Lindberg Farias, e intelectuais, como o acadêmico Cândido Mendes. A conversa deles em torno de Dirceu durou das 19 às 23 horas.

Segundo Barreto, a intenção do jantar não foi promover qualquer movimento em favor de Dirceu, mas proporcionar uma conversa franca do ex-deputado com amigos que nunca se afastaram dele, apesar dos escândalos. "Ele não se furtou a vir e responder a todas as perguntas. Queríamos saber quais são os planos dele, fique ou não livre desse processo. Ele nos reafirmou que continuará na vida política", disse.

Dirceu ponderou que se a denúncia não for aceita, o aspecto político da questão, que envolve um possível resgate de seus direitos políticos suspensos por oito anos, será favorecido. Dirceu queixou-se da imagem negativa construída em torno dele e lamentou não ter mais chances de concorrer a um cargo no Executivo. No entanto, manifestou desejo de disputar uma nova cadeira na Câmara em 2010 e afirmou que não se furtaria a concorrer a um posto de vereador em São Paulo em 2008.

Sobre o seu envolvimento nos escândalos de corrupção, o ministro repetiu aos presentes que teve a vida devassada, inclusive com a abertura de sigilos bancário e telefônico, sem que fossem constituídas provas contra ele. Dirceu disse confiar em sua inocência comprovada se o processo jurídico não for contaminado pelo aspecto político. Livre das acusações no campo jurídico, ele poderia então promover a contestação da condenação política.

O advogado Marcello Cerqueira, procurador-geral da Assembléia Legislativa do Rio, questionou no jantar as acusações do procurador-geral contra Dirceu, como a de formação de quadrilha. Ele escreveu um artigo depois do encontro em que considera o conceito de conspiração adotado na denúncia uma herança da Lei de Segurança Nacional.

O ex-ministro ouviu de Cândido Mendes a sugestão de não priorizar a bandeira individual e abraçar causas nacionais que estão órfãs. O acadêmico disse a ele que só o compromisso com a sociedade brasileira poderá reabilitá-lo. Barreto concorda: "Há muitas causas órfãs que Dirceu tem estofo e generosidade para abraçar. Ele tem muito a fazer pelo Brasil", afirmou.





Fonte: Estadão

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