"Não se mexe em time que está ganhando"
De antemão a primeira pergunta que me veio foi: por quê?
Por que a mudança se o Centro desde a década de 70 é exemplo em todo o País em reabilitação e até hoje oferece ótimos serviços aos idosos e deficientes físicos?
Mal abri a boca para fazer a pergunta, e a reposta já veio de imediato durante a conversa.
A mudança é porque o prédio do Centro apresenta rachaduras.
Oras... Pensei comigo: essa resposta foi tão absurda quanto a notícia da mudança. Minha indignação aflorou!
Apesar de não ser cuiabano de 'pé rachado', como dizem, sou cuiabano de coração, e 'pau rodado' com muito orgulho.
Conheço a história de Cuiabá tão bem quanto muitos cuiabanos. Sei por exemplo que o atual prédio do Centro de Reabilitação é a antiga sede da Cadeia Pública da Capital, e tem quase 150 anos.
O local é rico de história e hoje está muito bem empregado do jeito que está. Só para lembrar, o prédio, para se tornar Centro, foi todo adaptado, desde a sua inauguração, em 1976, é referência em reabilitação em todo o País.
Oras, se há rachaduras no prédio, ao invés de mudar, por que não restaurá-lo?
O prédio está em perfeitas condições, apto a continuar a oferecer os serviços que sempre ofereceu e ainda, o principal de todos, para os freqüentadores, é de fácil acesso, já que a maioria dos os ônibus de Cuiabá e Várzea Grande circulam pela região do Porto. Este último item é o principal. O povo quer que o Centro fique do jeito que está, e se a voz do povo é a voz de Deus, por que não segui-la? E se estamos em um País democrático, e se o Governo quer estar de mãos dadas com a população, deve ao menos ouvir o que ela tem a dizer quanto a este assunto.
A minha dúvida é: quem teve a idéia mudar o local do Centro será que tem a exata noção do que é a reabilitação?
Será que tem conhecimento para entender que a fisioterapia, a terapia ocupacional e a oficina ortopédica devem funcionar em conjunto? E não separadamente como é proposta com a mudança ao Hospital São Tomé.
Sugiro que ao invés de fazer a mudança, por que não criar uma no São Tomé? Assim melhoria ainda mais a atuação do Centro e não deixaria descontentes os idosos e os deficientes físicos.
O Governo, nesse caso específico, deveria lembrar daquele velho ditado popular: não se mexe em time que está ganhando.
Eliene Lima é deputado federal, professor e presidente de honra do Instituto dos Cegos de Cuiabá.
E-mail: dep.elienelima@gmail.com
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