Trabalhadores do ensino privado vão às urnas
Ao todo, 14 urnas itinerantes vão circular pelas escolas privadas de Cuiabá e Várzea Grande; haverá uma urna também na sede do sindicato, no bairro Lixeira. Os trabalhadores do interior votarão pelo correio. A votação acontece das 8 às 21 horas nos três dias.
Mato Grosso conta atualmente com mais de 8 mil professores e 4 mil auxiliares administrativos em cerca de 450 estabelecimentos.
Com 2.740 filiados, o SINTRAE-MT representa professores e auxiliares da Educação Infantil ao Ensino Superior e dos cursos livres em todo o Estado, exceto as regiões de Rondonópolis e Barra do Garças, que contam com sindicatos locais. Participarão da votação apenas os trabalhadores filiados há pelo menos dois meses na data da eleição.
Desafios - Atrasos de salários, jornada excessiva de trabalho, pagamentos com cheques pré-datados, ausência de políticas de formação continuada e quadro de cargos, carreira e salários, não recolhimento do FGTS e prática de assédio moral serão apenas alguns dos problemas que a nova diretoria terá que enfrentar nos estabelecimentos. A precarização das condições de trabalho é apenas uma das conseqüências da falta de regulamentação do ensino privado brasileiro. Outras conseqüências apontadas pelos sindicalistas são a concorrência desleal, a desarticulação do tripé ensino-pesquisa-extensão nas faculdades, o descompromisso com a função social da educação. A regulamentação do setor é o tema principal da campanha "Educação Não é Mercadoria", encampada pela categoria em todo o Brasil.
A meta é pressionar o poder público pela criação de leis que regulamentem a educação privada e controlem a entrada de capital estrangeiro nas universidades brasileiras. O título da campanha também é o nome da chapa única de que concorre à diretoria, composta de 24 membros.
Segundo a atual presidente do SINTRAE-MT, Marilane Costa, os problemas hoje enfrentados no setor se agravaram à partir da década de 80, com a expansão do Ensino Básico e, na década seguinte, do Ensino Superior. "Até então nossos problemas consistiam no debate sobre as mensalidades escolares e reajustamentos salariais. O SINTRAE-MT, e o próprio sindicato patronal, que até então tinham uma tradição de atuação no Ensino Básico, passam a ter que lidar com novas especificidades inerentes ao ensino superior e aos cursos livres", explica a presidente. Os problemas, então, tornaram-se mais complexos
Uma pesquisa encomendada pelo SINTRAE-MT no ano passado mostrou uma defasagem salarial de quase 20%, além do ingresso dos trabalhadores no setor de comércio informal, com a venda produtos como roupas e cosméticos, para complementar a renda, entre outras situações. "Nos últimos anos, os trabalhadores tiveram que enfrentar o fechamento de escolas, como o Expressão, o Delta e o Centro de Ensino Paiaguás, sem o devido pagamento das verbas rescisórias. O problema de jornada de trabalho é gravíssimo: não recebemos hora-atividade nem hora-extra", comentou. "Lutar contra estas e outras irregularidades será o grande desafio da próxima gestão."
Comentários