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Politica Brasil
Terça - 07 de Agosto de 2007 às 19:56

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BUENOS AIRES - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, encerrou nesta terça-feira, 7, a visita de dois dias à Argentina com o anúncio da compra de US$ 500 milhões em bônus da dívida externa do país e a promessa aumentar esse valor para US$ 1 milhão nos próximos meses.

Chávez também acertou com o presidente Néstor Kirchner que vai investir US$ 400 milhões para a instalação, na Argentina, de uma usina de regaseificação de gás natural com capacidade de produção de 10 milhões de metros cúbicos, montante superior ao que o país importa hoje da Bolívia. A obra deverá ficar pronta em dois anos.

Para o Brasil, esse acordo significa a perda da empresa venezuelana Bariven S.A., instalada em São Paulo. Essa empresa cuida das compras e serviços de petróleo da PDVSA, da qual é subsidiária.

Limites

Pela primeira vez, Chávez teve alguns limites na Argentina. Sem poder fazer longos discursos e com sinais de que a sua influência política começa a diminuir no país, ele foi menos generoso com Kirchner. Em vez de confirmar a compra de US$ 1 bilhão em títulos da dívida, acabou comprando a metade.

O governo terá de pagar 10,6% em juros por esses bônus. Lideranças da oposição e os principais colunistas econômicos do país criticaram a taxa, considerada elevada. No entanto, irritado, Chávez negou que havia imposto a taxa. "A Venezuela não impõe os juros. A imprensa que afirma isso é lacaia do imperialismo."

"Queria ter tido mais tempo na Argentina", lamentou Chávez, na visita à sede do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (Inti), onde assinou uma série de acordos de cooperação.

Essa foi sua mais breve visita a Buenos Aires, de menos de 24 horas. Segundo ele, o "império americano" está "fazendo o possível para que a gente não se una. Os Estados Unidos não gostam de Kirchner nem de Chávez", disse ele.

Sua partida para Montevidéu estava marcada para 15h30, mas ele prolongou a estadia na Argentina até o início da noite em razão de uma longa entrevista coletiva na qual criticou os Estados Unidos e defendeu a integração latino-americana. Segundo ele, a Argentina está se libertando do Conde Drácula (EUA) e rompendo as cadeias que a prendiam ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Estamos ajudando a Argentina com esforço. A Venezuela não é um país rico, mas compartilhamos a esperança e a fé."

O líder venezuelano também lamentou o congelamento do projeto do Gasoduto do Sul na parte que cabe ao Brasil. "O gasoduto avança no trecho que liga Bolívia com Argentina. Mas o trecho que atravessaria o Brasil foi brecado", disse. "Nunca dissemos que o caminho da união seria fácil. Mas nós venceremos esses obstáculos."

Brasil x Argentina

Chávez tentou contemporizar quando foi perguntado se tinha melhor relação com a Argentina do que com o Brasil e não citou sua briga com o Senado brasileiro. "Não, não. Nós temos um entendimento ótimo. É que existem outras forças que se movimentam...Washington. O imperialismo não quer nossa união."

Kirchner declarou apoio à entrada da Venezuela no Mercosul, atualmente à espera da aprovação do Senado brasileiro e do Congresso do Paraguai. No entanto, o respaldo foi morno e incluiu uma diferenciação ideológica com seu parceiro bolivariano. "Acreditamos firmemente na consolidação do Mercosul. A contribuição da Venezuela é muito importante, mais além do conteúdo ideológico de cada país. Nós, argentinos, o respeitamos."

Chávez seguiu para Montevidéu, no fim da tarde, para pedir apoio do presidente Tabaré Vázquez para remover as barreiras que impedem a entrada da Venezuela no Mercosul. O governo uruguaio aprovou a adesão no ano passado. No entanto, está dividido sobre interceder ante o Senado brasileiro para destravar a aprovação de seu ingresso no bloco.





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