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Politica Brasil
Quinta - 02 de Agosto de 2007 às 16:21
Por: Catarine Piccioni

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O Ministério Público Federal convocou o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como chefe da máfia das ambulâncias, e o ex-prefeito de Santo Antonio de Leverger, Eduardo Belmiro (PSDB), para prestarem depoimento como testemunhas de acusação no processo judicial contra a secretária de Assistência Social e Desenvolvimento Humano do município de Cuiabá, a ex-deputada Celcita Pinheiro (DEM), 64.

A reportagem teve acesso a um depoimento prestado por Belmiro à Polícia Federal em 2006. Segundo ele, a prefeitura de Santo Antonio do Leverger adquiriu uma ambulância da Planam, empresa pivô do esquema dos sanguessugas, por meio de recursos liberados por emenda apresentada ao Orçamento da União pela ex-deputada federal.

Ainda conforme o depoimento, a assessoria de Celcita informou ao então prefeito que o município seria contemplado com a ambulância. Na seqüência, representantes da Planam entraram em contato com Belmiro, avisando inclusive que providenciariam os procedimentos para a licitação e entrega do veículo, pois os recursos já haviam sido liberados.

Também em depoimento à PF, o tucano relatou que Celcita pediu que o veículo, uma van, fosse utilizado na região rural. Ele disse não se lembrar do valor pago. Já Luiz Antonio Vedoin afirmou à Polícia e à Justiça Federal que, em 2002, deu R$ 50 mil a Celcita para ajudar na campanha eleitoral, por meio de dois cheques de R$ 25 mil da empresa Santa Maria. Posteriormente, a quantia seria reembolsada por meio de emendas para compra de unidades móveis de saúde.

Das licitações realizadas em prefeituras beneficiadas com recursos liberados a partir de emendas de Celcita, empresas comandadas pela família Vedoin teriam vencido seis delas, sendo duas em Nova Marilândia, duas em Colíder, uma em Canarana e uma em Santo Antonio do Leverger.

Quatro licitações teriam ocorrido em 2004 por conta de emendas supostamente apresentadas em 2003 no valor de R$ 400 mil. Vedoin ainda detalhou que as emendas teriam sofrido contigenciamento e a quantia fora reduzida para R$ 320 mil. As outras duas licitações teriam ocorrido em 2005, Colíder (R$ 80 mil) e Nova Marilândia (R$ 80 mil).

O pai do empresário, Darci Vedoin, confirmou que Celcita Pinheiro recebeu os dois cheques como ajuda para a campanha, mas disse que eles foram devolvidos por falta de fundos. Luiz Antônio também afirmou que não pagou nada à parlamentar entre 2003 e 2006 por ainda estar com crédito com ela, pela antecipação realizada em 2002.

Segundo os Vedoin, a então deputada indicava os municípios a serem beneficiados com as emendas e fazia o primeiro contato com os prefeitos para acertar a fraude nas licitações. Celcita responde a ação penal por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, além de uma ação de improbidade administrativa que pede o ressarcimento do dinheiro supostamente desviado e a cassação dos direitos políticos da ex-parlamentar.

Celcita não conseguiu se reeleger nas últimas eleições e perdeu o foro privilegiado. A secretária municipal nega as acusações. À Justiça Federal no último dia 17, ela disse que não interferia no convênio entre o município e o Ministério da Saúde e “nunca soube” quais empresas venceram os processos licitatórios realizados a partir de recursos viabilizados por suas emendas.

A exemplo do MPF, a defesa pode convocar até oito testemunhas. Os depoimentos de Vedoin e Belmiro estão marcados para o próximo dia 7. Professor e prefeito entre 2001 e 2004, o tucano apoiou o candidato do DEM, Faustino Dias Neto, nas últimas eleições municipais, quando subiu no palanque onde estavam Celcita e o marido dela, senador Jonas Pinheiro (DEM).





Fonte: Olhar Direto

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