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Politica Brasil
Quinta - 12 de Julho de 2007 às 15:45
Por: Catarine Piccioni

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Indiciada por crimes apurados na Operação Guilhotina, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil, Silmara dos Santos Nunes afirmou em ao menos dois depoimentos que comprou uma fazenda pertencente ao deputado estadual Humberto Bosaipo (DEM). Procurador do parlamentar na negociação, Devair Valim de Melo (DEM) teria agilizado a tramitação do plano de manejo florestal sustentável e projeto de exploração florestal. No entanto, a liberação desses processos junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) apresentou indícios de irregularidades, conforme investigações do Ministério Público Estadual e da polícia.

As terras em questão, com quase 2.500 hectares no valor de R$ 500 mil, pertenciam ao ex-prefeito Priminho Riva (PP) e ficam entre Juara e Alta Floresta. As negociações teriam ocorrido em 2006. Ex-prefeito de Nobres, Devair Valim de Melo recebeu um “convite informal” para prestar esclarecimento nesta quinta-feira, mas não apareceu na delegacia fazendária.

Melo admite ter feito a corretagem das terras, sendo o intermediador na compra e venda da fazenda. “O Devair intermediou a compra e venda da fazenda, mas não tem nada a ver com possíveis desmates que tenham ocorrido na área. Ele também nunca esteve na fazenda e não entendeu a acusação”, afirmou Flávio Bertin, advogado de Melo. Segundo ele, o cliente está com uma virose. O delegado Rogério Modelli ainda não informou qual o próximo encaminhamento em relação ao caso.

A Justiça expediu 75 mandados de prisão na Operação Guilhotina contra engenheiros florestais, madeireiros, proprietários de terras e servidores públicos. Cerca de 40 foram cumpridos, mas apenas quatro pessoas permanecem presas. Silmara dos Santos Nunes está em liberdade. Três servidores da Sema foram presos na operação policial, deflagrada na semana passada.

A polícia instaurou seis inquéritos a partir de seis planos de manejo florestal sustentável e projetos de exploração florestal que apresentaram indícios de fraudes no total de 118 processos analisados pela própria secretaria, sendo a maioria de 2006. Por meio dos seis processos de manejo, a investigação apontou a existência de 101 madeireiras que participavam do esquema de fraudes para obtenção e execução de licenças ambientais destinadas a áreas que nem sequer foram exploradas.

As licenças obtidas por meio do Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (sistema CC - Sema) serviam para acobertar a venda de madeira de origem ilícita. Levantamentos preliminares mostram que o esquema movimentou 81.823,0677 m3 de madeira, cujo valor estimado é de R$ 58,3 milhões. Os envolvidos foram indiciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica e crimes contra a administração ambiental.

CPI – Irmão de Priminho Riva, o primeiro-secretário da Assembléia Legislativa, deputado José Riva (PP), deve assumir a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sema. Humberto Bosaipo não assinou o requerimento para criar e instalar a CPI, que visa apurar supostas irregularidades na pasta. Ele é um dos responsáveis pela indicação de Luís Henrique Daldegan para ocupar o posto de secretário.

A reportagem tentou, sem êxito, contatar o deputado Humberto Bosaipo. Ele não atendeu e nem retornou às ligações do Olhar Direto. Ex-prefeito de Juara, Priminho Riva confirmou a venda da fazenda ao deputado, ocorrida há cerca de sete anos. Segundo ele, a família de Silmara já havia comprado uma área vizinha anos antes. Riva afirmou que não tinha planos de manejo florestal (para corte seletivo) e projetos de exploração florestal (para desmatamento) no período em que foi proprietário da terras.





Fonte: Olhar Direto

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