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Politica Brasil
Terça - 10 de Julho de 2007 às 04:57

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Um documento de cinco páginas, assinado em 25 de maio por 10 assessores jurídicos da secretaria estadual de Meio Ambiente, denunciava, dois meses antes de "estourar" a Operação Guilhotina, um esquema de sumiço de processos e de nulidade de multas com utilização de nomes de terceiros dentro da própria Sema. A Comunicação Interna foi protocolada junto ao secretário Luís Henrique Daldegan e ao superintendente de Assuntos Jurídicos, Cezar Augusto D´Arruda, irmão do promotor de Justiça, Domingos Sávio, que está à frente das investigações.

Na Operação Guilhotina de quarta-feira passada, a segunda deflagrada este ano envolvendo irregularidades na área ambiental, 32 pessoas, incluindo dois ex-diretores regionais da Sema, foram presas. São suspeitas de integrarem a um esquema de venda de créditos para exploração ilegal de madeira. A organização é acusada de "esquentar" madeiras adquiridas ilegalmente. Cerca de R$ 58 milhões foram movimentados pela quadrilha desde o ano passado, segundo apurou o Ministério Público. Ainda faltam cumprir 43 mandados de prisão.

O documento dos advogados lotados na Sema revela clima de insegurança e pede providências, inclusive ao MPE. Eles assinaram a CI após duas colegas (Susana da Silva e Nadja Naira Monteiro Pinheiro) descobrirem que processos que deveriam estar sob suas responsabilidades já tinham sido anulados por vício formal, acatando argumentos da defesa. Além das duas, assinaram o documento os assessores jurídicos Franciely do Nascimento, Sarah Camacho, Paula Jane Amorim França, André Luiz Falquetti e Silva, Schriran Abrahão, Adriana Corsino da Silva, Alessandro Arruda Garcia e Elen Souza de Paula.

Conforme a CI interna, o esquema de fraude foi descoberto a partir de um processo com nome de João Rosa de Souza, autuado por desmate sem autorização. Suzana, que encabeça a lista de assinaturas, conta que foi procurada por uma pessoa que tinha recebido notificação e autuação e que não tinha conhecimento do resultado do processo 04874, de 2004. Suzana foi checar e descobriu que alguém (não disse quem) já havia dado parecer pelo nulidade do auto de infração, quando o processo deveria estar na sua carga, aguardando decisão. Sem anuência de Suzana, segundo a sua própria narrativa, o processo foi encaminhado em maio de 2006 e recebido três meses depois.

Suzana explica na CI que foi informada por Valter, acadêmico de Direito e conhecido do autuado João Rosa que "(...) uma pessoa havia telefonado para ele, solicitando uma certa quantia em dinheiro para anular o auto de infração". A assessora jurídica da Sema registrou ainda no documento-denúncia que, conforme relato de Valter, "na mesma ocasião do telefonema "(...) foi passado um fax da decisão que estava sendo, ao que tudo indica, barganhada com o autuado".

Decisões vendidas

"Os fatos acima relatados levam a conclusão de que as minhas decisões e de meus colegas de trabalho, as quais afirmo serem proferidas com justiça e, sempre, dentro do que determina a lei, podem estar sendo negociadas de forma ardilosa", descreve Susana da Silva. Pela sua conclusão, o esquema estaria ocorrendo no intervalo entre a decisão e a homologação, inclusive com alteração de tramitação pelo sistema. Susana levanta a preocupação dos servidores lotados na superintendência de Assuntos Jurídicos (SAJ) estarem sendo "vendidos" diante de um procedimento que começa com o proferimento da decisão. Em seguida, o processo é encaminhado, via protocolo, de forma genérica para a SAJ, com os seguintes dizeres: "Segue decisão administrativa número tal para homologação".

Susana relata ainda que encontrou mais dois processos na mesma situação, desta vez envolvendo o nome de Josué Corso Neto. Outro sob responsabilidade de Nadja Pinheiro também fora remetido para a SAJ para homolagação, quando deveria estar em seu poder. "Chamo atenção também para o fato de que este processo saiu da SAJ, foi recebido no gabinete do secretário-adjunto para homologação e retornou para a SAJ sem que houvesse qualquer tramitação no sistema de protocolo, constando todo esse tempo que o processo ainda se encontrava sob minha responsabilidade", destaca Susana da Silva.





Fonte: RD News

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