Aliado nega relatório paralelo para beneficiar Renan em processo
"Apenas acho que eles [os outros dois relatores do processo no conselho] podem estar pleiteando a condenação", afirmou à Folha Online Almeida Lima, referindo-se aos senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). "É uma estupidez afirmarem que vou elaborar um relatório diferente, as investigações estão muito no princípio."
Almeida Lima retorna hoje às atividades parlamentares, depois de se submeter a um tratamento renal. Ele apoiou a decisão do conselho de determinar o cruzamento das contas de Renan com as da empreiteira Mendes Júnior --acusada de ter repassado dinheiro a Renan por meio do lobista Cláudio Gontijo para que o senador pagasse contas pessoais.
O relator também elogiou a iniciativa da Polícia Federal de periciar os documentos de Renan. "Estão corretas as decisões. É preciso ampliar as investigações. É necessário descobrir qual era exatamente a função do Cláudio Gontijo, que se diz amigo de Renan", afirmou Almeida Lima. "Também é preciso verificar se houve ou não dinheiro da Mendes Júnior repassado para o senador Renan Calheiros", disse.
Um dos principais defensores de Renan no Senado, Almeida Lima disse que ficará à vontade para votar a favor da condenação contra o colega, se as investigações confirmarem as suspeitas. "Se ficar provado que ele [Renan] recebeu dinheiro da construtora para pagar despesas pessoais, eu voto pela condenação", afirmou.
Relatores
O novo relatório do Conselho de Ética do Senado sobre o processo por quebra de decoro parlamentar só vai ser apresentado após o resultado de uma perícia mais aprofundada da Polícia Federal nos documentos do peemedebista. A PF pediu um prazo de 20 dias para apresentar o resultado da perícia, que vai verificar a autenticidade dos documentos e a veracidade das transações financeiras realizadas por Renan no período de 2002 a 2006.
O prazo passa a contar a partir da entrega de documentação. O conselho deve pedir novos documentos a Renan nesta terça.
Segundo reportagem publicada hoje pela Folha (só para assinantes), a perícia preliminar da PF na defesa apresentada por Renan detectou 20 inconsistências ou indícios de irregularidades na documentação reunida e apresentada pelo presidente do Senado para tentar comprovar que teve ganho de R$ 1,9 milhão com a venda de bois e vacas desde 2003. Essa perícia foi realizada em 48 horas.
De acordo com a reportagem, essa análise será o ponto de partida da perícia mais "aprofundada" que a PF deve para comprovar ou não a veracidade da papelada de Renan e das supostas transações agropecuárias feitas por ele.
A reportagem afirma que entre os problemas encontrados pela PF estão a ausência de notas fiscais para provar as supostas vendas de gado em 2004; divergências entre as notas fiscais apresentadas e as GTAs (Guia de Trânsito Animal, documento exigido para o transporte de animais vivos); e indícios de irregularidades nas empresas que supostamente compraram o gado de Renan.
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