Semana decisiva para Pagot entrar no Dnit; faltam dois votos
Mas Pagot precisa vencer primeiro na Comissão de Infra-Estrutura. Apesar de calmo e tranqüilo, certo de que não haverá contra-tempos maiores, contas indicam que Pagot precisa de pelo menos dois votos para ter seu nome homologado. Isso mesmo: dois votos, três com margem de segurança. A Comissão tem atualmente 22 membros; o 23º era Joaquim Roriz (PMDB-DF), que renunciou ao mandato para evitar a cassação dos seus direitos políticos. Pagot conta com apoio de 10 senadores. Oito são contra e quatro estão indecisos. São nesses três nomes que a base de apoio do presidente Lula e o próprio governador Blairo Maggi estão trabalhando.
Os votos certos são dos senadores que integram o bloco de apoio ao Governo, formado pelo PT, PR, PSB, PCdoB, PRB, PP e PTB. São eles: Serys Marli (PT-MT), Delcidio Amaral (PT-MS), Ideli Salvatti (PT-SP), Fernando Collor (PTB-AL) e Expedito Júnior (PR-RO). Também entre os aliados do Governo na indicação está o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Outro peemedebista que deve votar com o Governo é Wellington Salgado, de Minas Gerais. Dos cinco votos da bancada do DEM, três já estão assegurados. São eles: Adelmar Santana, do Distrito Federal; Heráclito Fortes, do Piauí; e o próprio Jayme Campos, de Mato Grosso. São, portanto, 10 votos.
Um voto duvidoso dentro da bancada do PMDB é de Romero Jucá, de Roraima. Embora seja líder do Governo no Senado, o senador é visto como imprevisível. A exemplo de Jucá, Pagot e aliados, entre os quais o próprio governador Maggi, trabalham o senador João Durval, do PDT da Bahia. Ele figura como voto indeciso. Leomar Quintanilha, do PMDB de Tocantins, deve votar com Marconi Perillo (PSDB-GO), que apóia o atual diretor do órgão, Mauro Barbosa da Silva. Barbosa também conta com apoio do presidente do Banco Central. Valter Pereira (PMDB-MS) também está na lista dos indecisos.
O ex-governador Eliseu Resende, do PMDB de Minas Gerais, no entanto, prefere manter o Dnit nas mãos do eixo Rio-São Paulo, temeroso de que verbas federais sejam descentralizadas para os estados periféricos. Pela mesma razão, Raimundo Colombo, de Santa Catarina vota não à indicação. Francisco Dornelles (PP-RJ) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), mesmo sendo da base do Governo, declararam que votam não. A eles se somam os votos da bancada do PSDB, formada pelos senadores Perillo (GO), Flexa Ribeiro (PA), Sérgio Guerra (PE) e João Tenório (AL) – e seus respectivos suplentes,como é o caso de Mário Couto, que entrou na sessão na ausência de João Tenório e foi designado para pedir vistas do processo com o objetivo de manobrar contra a indicação.
“Essa situação toda pode sofrer alterações, evidentemente para mais. Não acreditamos que o nome indicado pelo Governo vá enfrentar maiores problemas. É tudo uma questão do jogo político mesmo” – explicou um integrante da bancada federal de Mato Grosso, ao analisar os votos de cada um na Comissão, considerada a etapa mais difícil da homologação. “A oposição é forte dentro da comissão” – explicou.
O Dnit é, em verdade, um poço de cobiça de todos, seja do Governo e seus aliados, seja da oposição. Do Governo porque todos querem ocupar o posto, sinônimo de poder e muitas verbas. Da oposição porque quanto pior for a execução, melhor – embora seja o tipo da política ruim para todos, embora faça parte do jogo. Há muita complexidade e o interesse regional acaba também prevalecendo. Até aqui, o Dnit ficou mais tempo nas mãos da bancada dos mineiros, já que o Estado tem a maior malha viária federal do pais; conseqüentemente, as maiores empreiteiras. As ferrovias, como a Norte-Sul, também passam pelo controle de execução do Dnit, além de docas e portos e navegação fluvial.
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