Preservar é necessário
Durante pelo menos uma hora, ao lado de outros colegas da imprensa, ouvi atentamente cada um dos representantes dessas classes. Mais tarde, pensando calmamente e analisando cada número, postura e palavra, cheguei à seguinte conclusão: quem atua nessa área não vai mudar de ramo ou de comportamento enquanto não vir a última árvore no chão.
Ao contrário do que disse um dos dirigentes classistas presentes ao encontro, não estamos vivendo uma paranóia ambientalista. É muito pouco o que está se fazendo pela preservação das riquezas naturais, se compararmos aos danos expostos por operações policiais como “Curupira”, “Mapinguari” e “Guilhotina”.
O mais grave é que os crimes que essas ações policiais trouxeram à tona são apenas a ponta do iceberg. Sabemos que muita coisa permanecerá submersa por questões e interesses que dificilmente saberemos ou conseguiremos decifrar.
Considero a atuação policial, congregando o Ministério Público, a polícia e a Sema, importantíssima na repressão à extração e comércio ilegal de madeiras. Entretanto, é consenso entre os cidadãos, que já se cansaram de ver carretas e mais carretas de toras apreendidas, que estamos agindo depois da hora, quando deveríamos agir antes.
Chega de apreensões! É preciso que se faça algo, com urgência, para prevenir os crimes ambientais. Isso para assegurar que as árvores continuem de pé nas reservas ambientais e indígenas e que a extração de madeira só ocorra nos locais em que foi autorizada, mediante análise técnica e reposição, se necessário for.
Ontem, um amigo meu, se dizendo desanimado com a ganância humana, disse algo que faz muito sentido. Ninguém é punido com pena de reclusão ou perda de registro profissional porque praticou crime contra o meio ambiente. Transfiro aos leitores a indagação que ele me fez. Algum de vocês conhece alguém que continua preso, perdeu os bens ou foi condenado por crime parecido?
É importante dizer, aos que possam interessar ou aceitem a carapuça, que dinheiro não é a única coisa que conta na vida. Precisamos pensar na herança, não a financeira, que estamos deixando aos nossos filhos, netos, bisnetos, tataranetos...
ALECY ALVES é jornalista
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