Conselho vai investigar evolução patrimonial de Calheiros e aprofundar perícia
Dois dos novos relatores do processo contra Renan no conselho --Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS)-- decidiram na manhã desta quinta-feira aprofundar as investigações sobre o presidente do Senado e solicitar à Polícia Federal o aprofundamento da perícia nos documentos encaminhados pela defesa de Renan.
O senador é acusado de utilizar recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão alimentícia e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento. Renan também responde a acusações de que teria beneficiado a empreiteira com a liberação de emendas parlamentares para obras executadas pela empresa.
O Conselho de Ética vai aguardar o resultado da perícia da PF nos documentos para dar continuidade às investigações sobre o caso Renan --mesmo que isso ocorra somente depois do recesso parlamentar de julho.
Os relatores e o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), se reúnem ainda na manhã de hoje com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, para formalizar o pedido da perícia.
"Vamos debater com a PF quais os procedimentos necessários para a conclusão da perícia. Com essas informações, vamos determinar o encaminhamento dos trabalhos. Precisamos da perícia e do aprofundamento das investigações. Se a PF precisar de 15, 30 dias, terá esse prazo", disse Casagrande.
Quintanilha afirmou que um possível depoimento de Renan será discutido somente depois da conclusão da perícia. "O depoimento será em um segundo momento. O conselho vai deixar o representado se manifestar", afirmou.
Casagrande disse acreditar que Renan terá interesse em comparecer pessoalmente ao Conselho de Ética para apresentar sua versão sobre as denúncias. "Eu acredito que o representado vai querer ir ao conselho. O Senado passou por momentos de dificuldades, já sangrou muito. Começa agora a estancar suas feridas."
O relator disse que o conselho vai buscar "todas as informações que forem necessárias" ao caso Renan, mesmo com a pressão de aliados do senador para que o conselho concentre as investigações somente nas ligações dele com a Mendes Júnior. Renan também é acusado de apresentar notas fiscais frias para comprovar parte de sua renda com a venda de gado em Alagoas.
Ausência
A primeira reunião dos novos relatores do caso Renan foi marcada pela ausência do senador Almeida Lima (PMDB-SE), escolhido para a função ao lado de Casagrande e Marisa Serrano. O senador foi substituído na reunião por aliados depois de sofrer ontem uma crise renal e pressão alta.
O peemedebista se tornou um dos principais defensores de Renan desde que as denúncias contra o presidente do Senado vieram à tona. A oposição resistiu à indicação de Lima para a relatoria tripla, mas acabou cedendo depois que o PMDB insistiu na indicação do senador para acelerar as investigações do caso.
A decisão de criar uma comissão de três senadores para o processo foi tomada diante do impasse para a escolha de um único nome para a função. Apesar da relatoria conjunta ter sido criada em comum acordo entre governo e oposição, os senadores reconhecem que terão dificuldades para unir os trabalhos em um único relatório --já que Lima é aliado de Renan, Casagrande cobra investigações detalhadas do caso e Serrano é a representante da oposição na relatoria do processo, favorável ao afastamento de Renan da presidência do Senado.
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