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Cidades/Geral
Segunda - 22 de Abril de 2013 às 17:45
Por: Renê Dióz

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Um grupo de trabalhadores rurais bloqueia desde o domingo (21) trecho da rodovia federal BR-158, no nordeste de Mato Grosso, nas imediações da terra xavante Marãiwatsédé (antiga gleba Suiá Missú). Eles protestam contra o suposto descumprimento, por parte do governo federal, da promessa de assentar as famílias despejadas dos mais de 165 mil hectares da área indígena entre o fim de 2012 e o início deste ano.



De acordo com a Polícia Federal (PF), a manifestação durou o domingo inteiro e prossegue nesta segunda-feira sem previsão de encerramento. Ela tem sido feita por um grupo de aproximadamente 80 pessoas que, após o despejo cumprido por forças policiais federais, ainda não receberam os lotes de terra prometidos em assentamentos da região.


 
Apesar das supostas ameaças por parte dos manifestantes de invadir novamente a área (e até mesmo de um conflito com indígenas), a PF esclareceu por meio de sua assessoria de imprensa que, por enquanto, o bloqueio da rodovia não se encontra dentro da área indígena, mas em suas imediações.


 
A obtenção de informações a respeito da situação no local é dificultada pela ausência de sinal telefônico na região. Tanto a PF quanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviaram equipes ao local para apurar com detalhes o que está acontecendo, evitar conflitos e negociar a liberação da estrada federal.


 
No entanto, as instituições dependem que suas equipes em campo desloquem-se ao fim do dia para municípios próximos e áreas com sinal telefônico para somente então repassarem relatórios sobre o panorama de lá. Até a tarde desta segunda-feira, a situação estava sob controle na área, segundo o inspetor Elói Grison, da PRF.



 
Entregues ao controle dos índios xavantes no último dia 5, as terras da antiga Suiá Missú passaram cerca de 20 anos ocupadas por fazendeiros e trabalhadores rurais que se estabeleceram ali a despeito de decreto presidencial que demarcou a área como área indígena. Após um longo processo judicial, operação conduzida pela Força Nacional de Segurança, PRF, PF e Exército retirou todos os não-índios da área, trabalho iniciado em dezembro de 2012.


 
À época, o governo iniciou um cadastramento dos posseiros no programa de reforma agrária, o qual poderia destiná-los a assentamentos nas proximidades, como o Santa Rita, em Ribeirão Cascalheira, município a 893 km de Cuiabá, e o projeto Casulo Vida Nova, em Alto Boa Vista, a 1.064 km da capital.


 
“O governo jogou todo mundo na lama, não deu casa, não deu satisfação, não deu terra. O povo está jogado por aí”, criticou o fazendeiro Neivo Spigosso, um dos que tiveram de se retirar da terra indígena. Ele não está envolvido com a manifestação, mas informou, por telefone, que ficou sabendo do bloqueio, o qual é provavelmente realizado por trabalhadores mais humildes que tiveram de se retirar da gleba e sem qualquer vínculo com entidades agrárias.


 
Já o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou, por meio de sua assessoria de imprensa em Mato Grosso, que a autarquia não deixou de realizar o assentamento das famílias oriundas de Suiá Missú; boa parte dessas famílias é que teriam se recusado a participar.


 
Hoje, pelo menos 105 famílias estão devidamente assentadas no projeto Casulo Vida Nova. Ainda não há um levantamento de quantas foram encaminhadas para o assentamento em Ribeirão Cascalheira, criticado pelos posseiros à época da desintrusão por não conter qualquer infraestrutura para acomodá-los.




Fonte: Do G1 MT

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