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Politica Brasil
Segunda - 02 de Julho de 2007 às 20:07

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A decisão do presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), de adiar a tramitação do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), abriu uma nova crise no órgão. Quintanilha, aliado de Renan, devolveu o processo para a Mesa Diretora do Senado, o que atrasa a tramitação do caso, já que a análise do caso volta à estaca zero.

A manobra irritou senadores da oposição e "independentes" e acirrou os ânimos dentro do Conselho de Ética do Senado. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), chamou a decisão de Quintanilha de "afronta, ousadia e provocação" aos demais integrantes do Conselho de Ética.

"Ele tomou atitude de devolver à Mesa sem amparo regimental, para que o investigado [Renan] assumisse o comando das investigações. O Conselho de Ética não pode aceitar isso. O conselho deve exigir do presidente uma reunião para apreciação do seu gesto e retificação de sua atitude, se for o caso", disse Agripino.

Quintanilha afirma, em nota oficial, que solicitou parecer à consultoria jurídica do Senado para evitar que processo seja questionado no futuro.

O ex-presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), chegou a devolver o processo à Mesa. Mas Renan, sozinho, encaminhou o processo para a analise do órgão sem o aval dos demais integrantes da Mesa Diretora.

O novo impasse em torno da manobra de Quintanilha gera uma nova crise no já abalado Conselho de Ética, que já perdeu dois relatores e um presidente na análise do processo contra Renan. O primeiro relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), pediu afastamento por problemas de saúde. O segundo, Wellington Salgado (PMDB-MG), renunciou menos de 24 horas depois de asssumir a relatoria em protesto ao adiamento do relatório para aprofundamento das investigações.

Pressionado pelo grupo de Renan. o primeiro presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), renunciou criticando a oposição. Quintanilha, que o substituiu, convidou Renato Casagrande (PSB-ES) para a relatoria, mas o desconvidou depois do pessebista sinalizar independência e vontade de levar as investigações contra Renan adiante.

Quintanilha é acusado pelo Ministério Público Federal de receber propina em troca de emendas ao Orçamento, o que gerou questionamento sobre sua capacidade de presidir o Conselho de Ética.

Tiro pela culatra

A manobra de Quintanilha pode provocar um efeito contrário na tentativa de tirar Renan do foco das investigações. Integrantes do DEM e do PSDB se reúnem nesta terça-feira para avaliar o caso.

O PSDB deve seguir o DEM e pedir que Renan se licencie da presidência do Senado até a conclusão do processo.

Agripino disse que vai defender que o Senado não tenha recesso parlamentar em julho para que as investigações sobre Renan possam ser prorrogadas.

"Passa-se a imagem que aqui só se faz o que o presidente [da Casa] deseja, mesmo que não seja correto. Se for o caso, nós não interromperemos os trabalhos do Senado, não haverá recesso e os trabalhos continuarão para que sejam concluídos com isenção", disse.




Fonte: Folha Online

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