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Cultura
Terça - 26 de Junho de 2007 às 19:07

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Os amantes da sétima arte poderão se deleitar no XXIII Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, que ocorre de 30 de junho a 7 de julho. A programação da Mostra de Cinema do evento inclui longas, médias e curtas nacionais, muitos premiados em festivais de cinema e alguns estreando em Mato Grosso. Todas as sessões serão realizadas a partir das 19h, de segunda a sexta-feira, e das 20h30, nos finais de semana, sempre na Praça Dom Wunibaldo. O evento é uma realização do Governo do Estado de Mato Grosso, através das Secretarias de Estado de Cultura e de Desenvolvimento do Turismo, e da Prefeitura de Chapada dos Guimarães, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Meio Ambiente.

Uma das novidades deste ano é que antes da exibição de cada longa ou média metragem, haverá a apresentação de um curta. A coordenadora de audiovisual do Festival, Danielle Bertolini, informa que todos os curtas fizeram parte das duas primeiras edições do Festival de Cinema Feminino de Chapada dos Guimarães – Tudo sobre mulheres, realizados em 2005 e 2006. “Será uma forma de divulgar este evento, que ocorre em setembro, já que o Festival de Inverno é o maior e mais importante evento de Chapada dos Guimarães”, explica Danielle.

Além disso, a Mostra de Cinema ganha um espaço próprio, distante fisicamente das demais apresentações artísticas do evento, o que garante que uma atração não vai interferir ou concorrer com a exibição das obras. A melhoria dos equipamentos técnicos, como a utilização de uma tela adequada para projeção dos filmes, é outro destaque.

Outro destaque é que todos os longas têm uma relação entre si. De acordo com a coordenadora, a seleção foi feita a partir do tema do evento “Caminhos de Guimarães”, que remete às trilhas históricas que resultaram no processo de formação do município. “Procuramos escolher filmes que tivessem caminhadas e viagens como fio condutor da trama”, conta Danielle.

Um exemplo é “Histórias do Rio Negro”, documentário do diretor Luciano Cury, que será exibido no dia 1º de julho, estreando no Estado. O longa mostra a viagem de barco do médico Dráuzio Varella pelas águas escuras e abundantes do Rio Negro, na Região Norte. Ao longo de 1,1 mil quilômetros, no trecho entre São Gabriel da Cachoeira e Manaus, ele conhece e entrevista pessoas que vivem nas comunidades ribeirinhas. As belas imagens desse remoto pedaço do país emolduram as histórias contadas pelos moradores, numa mistura de mito, folclore, fantasia e realidade.

Outro documentário em que o tema do Festival fica evidente é “Esses Moços”, de José Araripe Jr. A obra, que será exibida no dia 6 de julho, conta a história de duas meninas de rua que vão para Salvador (BA), onde conhecem um senhor que foi agredido e está desmemoriado. Juntos, os três começam uma viagem pela cidade, mostrando um cenário bem diferente daquele conhecido pelos turistas que vão à Bahia.

A diversidade cultural também está presente na Mostra de Cinema. Além de filmes de Mato Grosso, há longas produzidos por equipes da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Os temas são variados. Há documentários com enfoque histórico, como “O Velho, A História de Luis Carlos Prestes”, de Toni Venturini, que retrata a participação do comunista na história política do Brasil; e “Hércules 56”, de Silvio Da Rin, que mostra entrevistas com os nove remanescentes do grupo de 15 presos políticos que, em 6 de setembro de 1969, foram trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado dois dias antes, no Rio de Janeiro, por duas organizações revolucionárias que lutavam contra a ditadura militar. Entre esses presos está o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu de Oliveira.

As viagens são o enfoque dos outros filmes. “TO 255 Estrada das Vidas”, de Chico Garcia e Leonardo Bello, apresenta a história de índios e sertanejos ao longo da rodovia TO 255, que cruza o estado de Tocantins. “Serras da Desordem”, de Andréa Tonacci, conta a história real de um índio nômade que foge de uma armadilha e passa dez anos percorrendo o Brasil. Após ser capturado, ele torna-se o centro de uma polêmica entre antropólogos sobre sua origem.

E para abrir a programação foi escolhido “Nas Terras do Bem Virá”. “Ele conta a história da ocupação das terras do Norte do Brasil, que é bastante semelhante com a nossa realidade”, justifica Danielle. Gravado em 29 cidades de cinco estados do norte e nordeste brasileiro, o documentário aborda a ida dos nordestinos para a Amazônia na década de 70.

Mato Grosso – No dia 5 de julho, a programação da Mostra de Cinema do Festival de Inverno é composta apenas de filmes mato-grossenses. “É uma forma de valorizar e estimular a produção cinematográfica em nosso Estado”, comenta a coordenadora de audiovisual.

Na data serão exibidos dois média metragens e um curta. O documentário “Alves de Oliveira, de Cláudia Simas e Caroline Araújo, narra a história do importante comunicador da capital, João Alves de Oliveira. Já em “Resgate: Quem Está no Centro da América do Sul?”, o diretor Luiz Marchetti mostra depoimentos feitos entre 1985 e 1987 com pessoas que hoje dão nomes as ruas de Cuiabá e Mato Grosso. O curta “Parabéns Vitor”, de Leonardo Sant’Anna, gira em torno de Vitor, um juiz prestes a completar 64 anos que relembra o passado, marcado pelos desejos revolucionários da juventude.

Além do cinema, o XXIII Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães terá exposições de arte, artesanato, flores e fotografias; apresentações de música, dança, teatro e circo; atividades esportivas e de lazer; mesas redondas e shows nacionais. Inverno. O evento conta com o apoio: Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Detran-MT, Associação Mato-grossense do Municípios-AMM e Casa das Molduras.

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA DE CINEMA

30 de junho – SÁBADO 20h30 – Curta: Hilda De Manu Sobral (SP/05’20”/ doc. 2004) Hilda encarna a justiça, feita de mãos e foice, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, 2004. Foi premiado com a Melhor Direção de Arte no CineEsquemaNovo - Festival de Cinema de Porto Alegre de 2004. Longa: Nas Terras do Bem Virá (ESTRÉIA) Direção: Alexandre Rampazzo. Roteiro: Alexandre Rampazzo e Tatiana Polastri (SP / Betacam SP / 110’/ 2006 / doc)

Filmado em cinco estados das regiões Norte e Nordeste, este documentário traça o percurso histórico de um modelo de desenvolvimento, deflagrado nos anos 70, no auge da ditadura militar. A partir da ênfase em grandes projetos e estradas rasgando a Amazônia, acelera-se um processo de migração que resulta na situação atual, de conflitos armados, episódios de trabalho escravo, devastação da floresta, luta pela terra e assassinatos, como os dos sem-terra em Eldorado dos Carajás e da missionária Dorothy Stang.

1º de julho – DOMINGO 20h30 - Curta: A Garota De Fernando Pinheiro (MG / 04’/ 2005 / ani.) Animação que conta a estória de uma menina em preto e branco em aquarela numa pintura sobre tela. Longa: Histórias do Rio Negro (ESTRÉIA) Direção: Luciano Cury Roteiro e Pesquisa: Maria Cristina Poli e Jefferson Peixoto (RJ / 35 mm / 86’ / 2006 / Doc)

Durante uma viagem de São Gabriel da Cachoeira até Manaus a bordo do barco “Escola da Natureza”, o médico Dráuzio Varella conduz o espectador pelas paisagens maravilhosas do Rio Negro, escutando histórias das pessoas que habitam as suas margens, revelando a vida, o imaginário e as aventuras destes brasileiros.

2 de julho – SEGUNDA 19h – Curta: Bom Te Ver De Francisco Colombo (MA, 09’/ 2005 / doc) Fragmentos da vida e da arte de Ana Rodrigues, atriz, cantora, e artista plástica do Maranhão. Longa: O Velho, A História de Luis Carlos Prestes Direção: Toni Venturi. Roteiro: Di Moretti (SP / 35 mm / 105 minutos / 1997 / doc.) Esta é a estória de um mito, um homem que encarnou uma causa, deu-lhe voz e obstinada dedicação. Um militante convicto de ideais hoje soterrados pelos escombros do muro, mas que serviram de razão de vida para um personagem forjado em sua teimosa determinação.

3 de julho – TERÇA 19h – Curta: Nativa- Movimento Feminino das Aldeias De Rodrigo Vargas e Zé Luis Medeiros (MT / 12’30” / 2005 / doc.) Mulheres Indígenas de 16 etnias se reúnem para debater seus problemas e cobrar mais espaço nas lutas em defesa da terra e da cultura. Documentário produzido durante o evento mostra que a mobilização feminina nas aldeias é cada vez mais forte e organizada. Longa: Serras da Desordem Direção: Andréa Tonacci (SP / Várias Bitolas / 135’ / 2005 / doc-fic.)

Carapirú é um índio nômade que, após ter a família massacrada num ataque de fazendeiros, consegue escapar. Perambula por dez anos pelas serras do Brasil central até ser capturado a 2.000 km de seu ponto de fuga/partida. Em Brasília, torna-se centro de uma polêmica quanto à sua origem e identidade. É reconhecido como Guajá por um jovem índio. O destino revela surpresas para esse encontro aparentemente casual. De volta à sua aldeia natal, depara-se com mudanças trazidas pelos anos de convivência com os brancos.

4 de julho – QUARTA 19h – Curta: Sexo e Claustro De Cláudia Priscilla (SP / 13’/ 2005 / doc.) Documentário que mostra a trajetória de uma freira que enfrenta a Igreja para assumir seu amor. A religiosa é a prova de que o amor é a mais revolucionária das forças humanas. Longa: TO 255 (ESTRÉIA) Direção: Chico Garcia and Leonardo Bello Roteiro: Chico Garcia (SP / 35 mm / 74’ / 2005 / doc.)

Entre o tempo cíclico do sertão e o tempo linear e conturbado das cidades, sempre há uma estrada, levando o progresso aos confins do Brasil. Ao longo da pequena rodovia TO255, cruzando o estado do Tocantins, índios e sertanejos vislumbram nesses avanços muito mais do que a chegada do desenvolvimento, mas o fim de seus ritmos originais que imperam há gerações. As grandes cidades, que sempre foram sonho maior de populações isoladas, não mais atraem o sertanejo, que prefere sonhar com sua própria terra.

5 de julho – QUINTA 19h – Curta: Parabéns Vitor Direção: Leonardo Mendes Sant’Anna (MT, 35 mm / 15’/ 2006 / fic.) O filme gira em torno de Vítor, um juiz prestes a completar 64 anos que relembra o passado, marcado pelos desejos revolucionários da juventude. Média: Alves de Oliveira Direção e Roteiro: Caroline Araújo (MT / DV / 25’/ 2006 / doc.) Depoimentos narram a história do homem da imprensa João Alves de Oliveira, que fez do rádio mato-grossense um dos mais respeitados meios de comunicação local e promoveu o progresso da capital impulsionando o surgimento de outras mídias, como o primeiro jornal impresso de Cuiabá.

Média: Resgate - Quem Está no Centro da América do Sul? Direção: Luiz Marchetti Roteiro: Wanda e Luis Marchetti (MT, DV, 52’,2007/doc.-fic.)

Resgate é um documentário em que a Antropologia encontra a vídeo-arte. É a história de Mato Grosso contada por abordagens contemporâneas para gerações futuras.

6 de julho – SEXTA 19h – Curta: Mr. Abrakadabra De José Araripe Jr. (BA / 13’/ 1996 / fic.) Um velho artista já não consegue fazer suas mágicas, desesperado, tenta o suicídio várias vezes, sem obter êxito. Decidido a morrer a qualquer preço, arquiteta um super suicídio. Porém, algo surpreendente acontece.... Longa: Esses Moços (ESTRÉIA) Direção: José Araripe Jr. Roteiro: José Araripe Jr. Co-roteiristas: Hilton Lacerda, Ricardo Soares e Victor Mascarenhas (BA / 35 mm / 86’ / 2004 / fic.)

Duas crianças em busca do futuro. Um homem em busca do passado. Darlene uma menina que vive nas ruas, traz para Salvador- Bahia, a irmã menor – Daiane - para viverem como pedintes na região do comércio na cidade baixa. Juntas encontram Diomedes, um senhor que foi agredido e está desmemoriado. Imaginam que ele é cego, surdo e mudo. Daiane afeiçoa-se ele como a um avô que nunca teve. Darlene resolve usá-lo para pedir esmolas. Misterioso e afável, Diomedes conduz as meninas através da estrada de ferro para o seu mundo de desmemórias, onde inocência e dor compõem a música do tempo. Uma viagem por uma Bahia nunca vista.

7 de julho – SÁBADO 20:30h – Curta: Historietas Assombradas para Crianças Mal Criadas De Victor Hugo Borges (SP / 16’/ 2005 / ani.) Animação que mostra uma menina mimada que só dorme com as histórias de terror de sua avó. A primeira história bebe na fonte do Boitatá, e mostra o duelo de porquinhos com a criatura que rouba a água de um rio. A segunda, ligeiramente mais cruel, fala de um menino que de tão mau se torna um zumbi, pois seu coração resolve abandoná-lo e ir embora, e conta com a excelente frase “mãe é mãe, mesmo com o filho morto-vivo”. Para encerrar, assistimos a história do Jurupari, “um caboclo deformado que daria medo até nos duendes mais feios”, o duelo final entre a vovó e a neta insone. Longa: Hércules 56 (ESTRÉIA) Direção e Roteiro: Silvio Da Rin (RJ / 35 mm / 94’ / 2006 / doc.) Em setembro de 1969, quando o Brasil era governado por uma Junta Militar, duas organizações revolucionárias aliaram-se para raptar o embaixador dos EUA, Charles Burke Elbrick, e exigiram a libertação de quinze presos políticos, que foram levados ao México pelo avião Hércules 56 da FAB. Para rememorar o episódio e discutir as causas e conseqüências da luta armada naquela época, o filme traz à cena os nove remanescentes do grupo de presos e promove o reencontro de cinco membros das organizações responsáveis pelo seqüestro.

* Todas as exibições ocorrem na Praça Dom Wunibaldo




Fonte: Assessoria

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