Base de Renan critica marcação de votação para amanhã

Brasília - A decisão do presidente do Conselho de Ética, senador Siba Machado (PT-AC), de votar amanhã o relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), não agradou os aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar de recomendar o arquivamento do processo contra Renan, o relatório não tem apoio suficiente para ser aprovado, conforme prognóstico de senadores do PMDB.

A eventual rejeição representaria mais desgaste e enfraquecimento de Renan. Se o relatório de Cafeteira for derrotado, o ganho político será da oposição. Pelo regimento, serão votados em seguida os pareceres apresentados separadamente pelo PSDB, DEM e PDT que desejam aprofundar as investigações contra Renan. A posição de Siba Machado foi interpretada como um gesto de independência do petista e demonstra, segundo avaliação dos senadores de oposição, que o PT já estaria trabalhando contra Renan.

Após a renúncia dos dois relatores - Epitácio Cafeteira e Wellington Salgado (PMDB-MG) -, Siba Machado se negou a indicar um petista para relatar o processo, apesar dos insistentes pedidos de Eduardo Suplicy (SP) para assumir a tarefa. Para os peemedebistas, o PT não quis ficar com o ônus. Os petistas lembram, por sua vez, que nem o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), conseguiu indicar um senador de sua bancada para relator, criando um impasse no Conselho de Ética.

"A cada senador do PMDB que indico, parece que é para enterrar o processo", reagiu Raupp. Diante da decisão de Siba Machado, o líder do PMDB passou a discutir uma ofensiva: a devolução do processo para a Mesa do Senado, se o relatório de Cafeteira for rejeitado. Sem a presença de Renan, os integrantes da Mesa tomariam a decisão de dar continuidade ou não ao processo disciplinar. "Vamos encontrar uma saída", observou Raupp, ainda sem saber como o PMDB vai se comportar amanhã na reunião do Conselho.